O paulista Urandir Fernandes de Oliveira, conhecido como UFO, será indiciado por estelionato e falsidade ideológica. Ele foi preso neste domingo em Porto Alegre, acusado da venda ilegal de terrenos na cidade de Corguinho, em Mato Grosso do Sul, onde tinha planos de erguer uma cidade para receber extraterrestes. Urandir está preso em uma cela da 17º delegacia de Polícia Civil da capital gaúcha. Três horas e meia depois de ter sido preso pela polícia, Oliveira conversou com o jornal Zero Hora no gabinete do delegado Jorge Mafra, da 17ª DP. Confirmou a venda dos terrenos na Cidade dos ETs, e garante que o projeto é sério e que vem agindo de forma legal. Confira os principais trechos da entrevista:
Zero Hora – O senhor admite as acusações?
Urandir Fernandes de Oliveira – Não estou preocupado com isso. Tudo o que estou fazendo é legal. Não prometo cura para ninguém, apenas ensino auto-ajuda e manipulação da mente.
ZH – O que é o Projeto Portal?
Oliveira – Um lugar onde as pessoas têm experiências parapsicológicas, ecológicas e ufológicas. São 490 hectares, e a minha intenção é comprar 1,5 mil para formar uma comunidade onde vou criar gado e peixes. Os associados pagaram R$ 1,4 mil por isso. Represento o projeto, sou o presidente.
ZH – Só quem paga pode fazer parte do projeto?
Oliveira – Quem não tivesse condições de comprar as cotas receberia doação. Até os desempregados viveriam lá.
ZH – O que tem na área?
Oliveira – Ainda não tem nada, estamos arrecadando dinheiro.
ZH – De quem o senhor comprou as terras?
Oliveira – As terras estão no nome de Zeferino Bingolin, morador de Campo Grande. Eu tenho o contrato de compra e venda e falta só quitar a última parcela para que eu tenha a escritura. Os participantes sabem que foi feito assim. Um topógrafo está fazendo a medição da terra e agora nós estamos providenciando também a liberação do Ibama. O projeto tem firma reconhecida há seis meses em Campo Grande.
ZH – O senhor conhece o autor da denúncia?
Oliveira – Conheci há oito meses. Ele assistia meus seminários e influenciou pessoas contra mim, mas elas não me procuraram. Ele disse que o meu contrato estava errado e fez outro. Acreditei na palavra dele porque precisava da parte burocrática, mas ele fez outra coisa e me denunciou.
ZH – Que bens o senhor tem?
Oliveira – Tenho uma Ranger, que pago financiamento, um terreno em São Paulo e uma veraneio para transportar visitantes. Tenho 81 cabeças de gado, que pertencem aos participantes.
ZH – O gado é seu?
Oliveira – É de todos. Quando for vendido, eles receberão.
ZH – Qual é a sua atividade?
Oliveira – Há quatro anos trabalho como autônomo, dando palestras. Trabalhava na construção civil e tenho uma gráfica inativa em Presidente Wenceslau (SP).
ZH – As pessoas que compraram cotas visitaram o projeto?
Oliveira – Algumas visitaram, tenho fotos e vídeos delas lá.
ZH – E pagavam pela viagem?
Oliveira – Pagam passagem e alimentação. A diária custa R$ 40 para visitantes e R$ 20 para sócios.
ZH – Quanto o senhor vendeu até hoje?
Oliveira – Foram vendidas cerca de 6 mil cotas dos 490 hectares. Cada pessoa comprava o tanto que quisesse.
ZH – Suas palestras são sobre o quê?
Oliveira – Sobre evolução mental, aprendizagem de manipulação de energia e autocontrole.
ZH – As pessoas pagam para assistir?
Oliveira – Cobro R$ 50, mas metade das pessoas não paga porque não pode. Trinta por cento do público paga R$ 10. Muito pouca gente paga o valor total.
ZH – As cotas são vendidas durante as palestras?
Oliveira – Sim, ontem (sábado) vendi duas a R$ 1,4 mil.
ZH – O senhor tem passagem pela polícia?
Oliveira – Não. Uma vez fui parar na delegacia por causa de uma briga da minha ex-mulher com outra, mas não houve nada.
ZH – Como o senhor explica a história das luzes nas mãos?
Oliveira – Sou paranormal desde pequeno. Entortava objetos, mas isso qualquer pessoa pode treinar e fazer. Só que aos 13 anos uma luz violeta me sugou para cima e duas pessoas colocaram um microchip no meu pescoço. Isso me ajudou na manipulação da energia.
ZH – Quem eram essas pessoas?
Oliveira – Eram extraterrestres. Eles são iguais a nós.