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Qual será a espécie dominante na Terra se os seres humanos forem extintos?

Aconteceu com os dinossauros, e pode acontecer conosco. Mas não é fácil descobrir quem dominaria o planeta se deixássemos de existir.

4 jul 2020 - 12h12
(atualizado às 12h41)
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Os dinossauros dominavam a Terra até que desapareceram há mais de 60 milhões de anos… Quem vai nos substituir?
Os dinossauros dominavam a Terra até que desapareceram há mais de 60 milhões de anos… Quem vai nos substituir?
Foto: iStock / BBC News Brasil

Com a ameaça das mudanças climáticas e da atual pandemia de coronavírus, mais e mais pessoas estão fazendo um alerta: nossa existência está em perigo.

Mas o que aconteceria se um dia os seres humanos deixassem de existir?

É muito provável que o fim da raça humana não signifique o fim do mundo: a Terra existia bilhões de anos antes de aparecermos e certamente continuaria a existir por muito mais tempo sem nós.

Além disso, os ambientalistas argumentam que, sem a presença dos maiores predadores (nós), a Terra provavelmente prosperará como nunca antes.

Mas como seria um mundo sem humanos? Quais outras espécies se tornariam dominantes?

Foi o que perguntou um ouvinte do programa da BBC "Os casos curiosos de Rutherford e Fry", que se dedica a responder perguntas científicas enviadas pelo público.

Há muito mais insetos que humanos no mundo, e é provável que eles sobrevivam a nós
Há muito mais insetos que humanos no mundo, e é provável que eles sobrevivam a nós
Foto: iStock / BBC News Brasil

Para encontrar a resposta para esse cenário hipotético, os cientistas Hannah Fry e Adam Rutherford, apresentadores do programa, consultaram o zoólogo Matthew Cobb.

Segundo Cobb, existem diferentes maneiras de definir o que constitui uma espécie "dominante".

Pode ser que seja a espécie mais numerosa, por exemplo. Se formos levar isso em consideração, Cobb aponta para os insetos, que hoje são de longe a maior forma de vida.

Campeões microscópicos

No entanto, a especialista Kate Jones argumenta que, se vamos medir a dominância em termos de números, os verdadeiros vencedores são organismos muito, muito menores.

"Acho que as espécies dominantes foram, continuam sendo e provavelmente sempre serão os micróbios", diz ela.

Segundo Jones, isso não se deve apenas a seu número e biomassa, mas também ao fato de que eles vivem em todos os tipos de habitats da Terra: da Antártica e do Ártico às saídas de ar no fundo do mar.

Eles também existem desde muito antes de nós: apareceram cerca de 3,5 bilhões de anos atrás (nós apenas há cerca de 6 milhões de anos).

E pode-se até dizer que eles já nos dominam, uma vez que em nossos corpos existem mais bactérias e outros micróbios do que células humanas.

Nós, humanos, conseguimos conquistar ou aniquilar o resto das espécies, mas a um grande custo para o planeta
Nós, humanos, conseguimos conquistar ou aniquilar o resto das espécies, mas a um grande custo para o planeta
Foto: iStock / BBC News Brasil

Os conquistadores

Mas se falamos de domínio em termos de quais espécies conquistaram ou destruíram outras, ou de seus habitats, não há dúvida de que os seres humanos até agora conquistaram o duvidoso título de "número um".

"Basicamente, onde quer que vamos, nos livramos dos animais maiores - começando pelo mamute e pelo rinoceronte lanudo - e à medida que nos movemos pelo planeta, para onde vamos, eles desaparecem", diz Cobb.

"Com o desaparecimento desses animais, o papel deles no ecossistema também foi perdido, então nossa chegada transformou o ecossistema de todo o planeta", prossegue.

A espécie humana teve tanto sucesso nessa conquista destrutiva que muitos cientistas acreditam que estamos a caminho da Sexta Grande Extinção (houve cinco antes, a última eliminou os dinossauros e três quartos de toda a vida na Terra, 66 milhões de anos atrás).

Se isso acontecesse, quais espécies poderiam sobreviver?

A resposta pode ser encontrada analisando o que aconteceu nas extinções anteriores.

"Se você observar a história, a extinção segue um padrão, não é aleatória. Algumas espécies são mais propensas à extinção do que outras, e algumas características podem tornar as espécies mais precárias", explica Rutherford, que é geneticista.

O astrônomo Phil Plait, conhecido como "O Mau Astrônomo" porque se dedica a desfazer mitos sobre o espaço, diz que uma coisa que as extinções passadas tinham em comum é que todas elas produziram uma profunda mudança no ambiente do planeta.

"Houve uma mudança climática repentina, mudanças ambientais repentinas, mudanças na química do solo, mudanças nas temperaturas da água e do ar, e provavelmente isso foi o que causou essas extinções."

Mas, assim como a última extinção exterminou os dinossauros terrestres, dando origem ao surgimento e domínio do homem, que outro modo de vida poderia nos substituir se formos aniquilados?

O livro “Depois do homem: uma zoologia do futuro” especula sobre as espécies que serão dominantes quando o ser humano deixar de existir
O livro “Depois do homem: uma zoologia do futuro” especula sobre as espécies que serão dominantes quando o ser humano deixar de existir
Foto: St. Martin's Griffin / BBC News Brasil

"Acho que será uma espécie que possa se adaptar às novas condições", diz Kate Jones. "Por exemplo, algo que pode comer plástico."

No entanto, para além da especulação, Rutherford ressalta que a evolução é uma coisa muito difícil de prever.

"Sabemos que haveria coisas com olhos, coisas com asas. Haveria carnívoros, herbívoros, talvez plástico-voros. Mas para além disso, eu não gostaria de fazer previsões específicas", diz ele.

Quem se atreveu a fazê-lo foi o geólogo escocês Dougal Dixon, que em 1981 publicou o livro Depois do homem: uma zoologia do futuro, no qual ele não apenas conta como imagina as espécies dominantes do futuro, mas também as ilustra.

Seguindo os princípios básicos da seleção natural, Dixon previu que cerca de 50 milhões de anos após o desaparecimento dos seres humanos, o mundo será dominado por morcegos de cinco pés e roedores gigantes.

Ciência ou ficção científica? Bem, a verdade é que não estaremos aqui para descobrir.

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