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Lua se afasta da Terra há 2,5 bilhões de anos, e quem diz são as rochas

Cientistas descobriram que sedimentos podem ser reveladores sobre distância da Terra e da Lua; entenda

18 out 2022 - 13h41
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Distância entre a Terra e a Lua tem se modificado ao longo dos anos; atualmente, cresce em 3,8 cm a cada ano
Distância entre a Terra e a Lua tem se modificado ao longo dos anos; atualmente, cresce em 3,8 cm a cada ano
Foto: Nasa / Unsplash

Quem olha para a Lua, não imagina que ela está se afastando da Terra. Mas é o que mostram os painéis reflexivos instalados pela Nasa por lá em 1969. De acordo com eles, o satélite está atualmente se distanciando 3,8 cm do nosso planeta a cada ano. 

Aplicando essa taxa de recessão para o passado, haveria tido uma colisão entre a Terra e a Lua há 1,5 bilhão de anos. Mas sabemos que ela foi formada há cerca de 4,5 bilhões de anos – o que significa que ela mudou a trajetória ao longo do tempo. Mas um grupo de cientistas descobriu um jeito de sabermos a distância que a Lua estava da Terra no passado.

O professor da Universidade de Québec a Montréal (UQAM), Josué Davies, e a pós-doutora associada da Universidade de Wisconsin-Madison, Margriet Lantink, junto a pesquisadores da Universidade de Utrecht e de Genebra, têm usado uma combinação de técnicas para saber informações sobre o passado distante do Sistema Solar. E descobriram a mais ideal para saber isso: ler sinais em antigas camadas de rocha da Terra. 

As rochas sedimentares também podem nos falar sobre a distância entre a Terra e a Lua
As rochas sedimentares também podem nos falar sobre a distância entre a Terra e a Lua
Foto: Lucas Ludwig / Unsplash

Lendo o tempo nas rochas

No Parque Nacional Karijini, no oeste da Austrália, alguns desfiladeiros trazem sedimentos de até 2,5 bilhões de anos ritmicamente. Esses sedimentos são formações de ferro agrupadas com minerais ricos em sílica, que ficavam no fundo do oceano e agora são encontrados nas partes mais antigas da crosta terrestre.

Os padrões visíveis nessas camadas de rochas podem estar relacionados aos “ciclos de Milankovitch”. São pequenas mudanças periódicas na órbita da Terra e orientação de seu eixo que influenciam a distribuição de luz solar pelo planeta ao longo dos anos. Há ciclos que mudam a cada 400 mil anos, 100 mil anos, 41 mil anos e 21 mil anos.

Essas variações exercem forte controle sobre nosso clima por longos períodos de tempo. Alteram, por exemplo, o tamanho dos lagos, e explicam o esverdeamento periódico do deserto do Saara e os baixos índices de oxigênio no oceano profundo.

Como isso afeta a distância entre a Terra e a Lua?

As rochas também podem nos falar sobre a distância entre a Terra e a Lua. Essa distância está relacionada com a frequência de um dos ciclos de Milankovitch, o de precessão climática. Este ciclo surge do movimento de oscilação ou da mudança de orientação do eixo de giro da Terra ao longo do tempo. 

Atualmente com duração de 21 mil anos, esse ciclo teria sido mais curto no passado, quando a Lua estaria mais perto da Terra. Então, se pudéssemos descobrir os ciclos de Milankovitch nas rochas sedimentares, e depois encontrar um sinal da oscilação da Terra e estabelecer seu período, podemos estimar a distância entre a Terra e a Lua no momento em que os sedimentos foram depositados.

Segundo a pesquisa anterior feita pela mesma equipe, os ciclos de Milankovitch podem estar preservados em uma antiga formação na África do Sul. As marcações de ferro na Austrália provavelmente foram depositadas no mesmo oceano que as rochas sul-africanas, há cerca de 2,5 bilhões de anos. Porém, as variações cíclicas nas rochas australianas são mais expostas, o que permite aos especialistas estudá-las melhor.

O grupo descobriu, com esse método, que a Lua estava cerca de 60 mil quilômetros mais perto da Terra naa época. Também notou que o comprimento de um dia era muito mais curto do que é agora – cerca de 17 horas em vez das atuais 24 horas.

Fonte: Redação Byte
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