Por que Apple tirou carregador da caixa do iPhone
Apple cita estímulo ao consumo sustentável e preocupação com o ambiente como justificativas para não enviar o acessório junto do iPhone
O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou nesta terça-feira (6) a suspensão da venda, no Brasil, de celulares iPhone desacompanhados do carregador de bateria. A decisão também determinou multa de R$ 12 milhões à fabricante Apple Computer Brasil e cassação do registro na Anatel dos aparelhos a partir do modelo iPhone 12.
A determinação é resultado de um processo instaurado em dezembro de 2021 pela Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), que alegou que a Apple estaria promovendo venda casada, ou seja, venda de um produto incompleto, obrigando o consumidor a adquirir outro produto para poder usar o primeiro.
O que a Apple argumentou ao retirar o carregador
A prática de retirar o carregador de energia do iPhone começou em outubro de 2020. A justifficativa da empresa seria ambiental, pregando um estímulo ao consumo sustentável. No evento de lançamento do iPhone 12 (primeiro modelo a vir sem fones de ouvido ou carregadores na caixa), a Apple argumentou que a decisão contribuiria para a redução de emissão de carbono.
“Há mais de 2 bilhões de adaptadores Apple no mundo, sem contar os bilhões de adaptadores de terceiros”, disse, na ocasião, Lisa Jackson, vice-presidente de meio ambiente, política e iniciativas sociais da Apple. Em resumo, a empresa compreendia que muitos de seus consumidores que acompanhavam a linha iPhone já tinham outros carregadores em casa e entregar novos de graça para eles só aumentaria o lixo eletrônico.
Jackson também afirmou que, ao reduzir o número de itens enviados na caixa, a embalagem seria menor, o que também seria uma medida em prol da sustentabilidade. “Somando tudo, as mudanças que fizemos para o iPhone 12 reduziram mais de 2 milhões de toneladas métricas de carbono anualmente. É como remover 450 mil carros das estradas todo ano”, disse Jackson.
No entanto, especialistas consideram que o impacto dessa medida é muito pequeno, dado o tamanho do problema do lixo eletrônico. Além disso, a decisão da Apple pode até mesmo ter o efeito contrário ao desejado: as pessoas que não têm carregadores compatíveis com o aparelho adquirido precisarão comprar o acessório separadamente, o que implica mais embalagens e transporte à parte, prejudicando o ambiente.
A questão dos carregadores com Samsung, Motorola e Xiaomi
Desde a estreia da linha Galaxy S21, a Samsung não envia carregadores nas caixas dos celulares lançados em diversos países. A empresa anunciou, porém, que os novos dobráveis da marca, Galaxy Z Fold 4 e Galaxy Z Flip 4, serão entregues, no Brasil, com os carregadores. De acordo com o comunicado da companhia, somente os aparelhos da série Galaxy Z virão com o acessório, ao contrário dos modelos das demais linhas.
A Motorola vinha adotando a política de enviar o carregador na caixa; como exemplo, lançou neste ano o Moto E32, modelo básico que traz o acessório. Por outro lado, isso pode mudar com o Motorola Edge 2022, o primeiro a não trazer o carregador. Novamente a justificativa foi a sustentabilidade.
Já a Xiaomi anunciou que o novo aparelho da linha Redmi, o Redmi Note 11SE, seguirá como os últimos lançamentos da Apple, enviando somente o cabo (nesse caso, um USB-C), sem a fonte do carregador.