Só 37% dos internautas que usam celular checam fake news no Brasil
Quando são levados em conta os internautas que usam computador e celular juntos, esse mesmo índice sobe para 74%
A pesquisa TIC Domicílios 2022, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) e divulgada nesta terça-feira (16), aponta que apenas 37% dos internautas brasileiros que acessam a internet unicamente pelo celular em 2022 checam a veracidade de fake news.
Quando são levados em conta os internautas que usam computador e celular juntos, esse mesmo índice sobe para 74%. E no total, 51% dos ouvidos disseram ter verificado se uma informação que encontrou na internet era verdadeira.
O dado preocupa sobretudo porque o celular é o meio de acesso à internet mais popular atualmente. Foram 99% dos respondentes confirmando que entraram na web por ele nos últimos três meses. Em segundo lugar, bem mais atrás, está a TV, com 55%. Outros produtos usados são o computador (38%), o console de videogame (10%) e "outros" (1%).
Além disso, 62% do total de pessoas entrevistadas afimaram ter acesso à internet exclusivamente pelo celular no ano passado, o que dá quase 92 milhões de pessoas.
Muitas dessas pessoas usam apps de mensagem como o WhatsApp e o Telegram para receberem notícias, mas é sabido que essas plataformas são um terreno fértil para fake news. Isso foi comprovado mais uma vez na eleição presidencial do ano passado, quando eleitores de Lula e Jair Bolsonaro dispararam boatos no Telegram para descredibilizar os candidatos antagônicos.
Outros hábitos de segurança e uso
Mais uma informação delicada envolvendo os usuários de celular é que apenas um terço deles (33%) adotou medidas de segurança para proteger dispositivos e contas online, como senhas fortes ou verificação em duas etapas). Nos que usam computador e celular juntos, o percentual foi a 69%; no total, foram 47%.
A pesquisa também fez outras perguntas para conhecer hábitos dos usuários na internetm incluindo medidas de segurança e de trabalho. Veja abaixo:
- Usou ferramenta de copiar e colar para duplicar ou mover conteúdo (como em um documento ou uma mensagem): total 45%, apenas celular, 29%, computador e celular, 71%;
- Instalou programas de computador ou aplicativos de celular: total 37%, apenas celular, 22%, computador e celular, 61%;
- Anexou documento, imagem ou vídeo a mensagens instantâneas, e-mails ou SMS: total 37%, apenas celular, 23%, computador e celular, 59%;
- Mudou configurações de privacidade no seu dispositivo, conta ou aplicativo para limitar o compartilhamento de dados pessoais: total 36%, apenas celular, 23%, computador e celular, 57%;
- Copiou ou moveu um arquivo ou uma pasta (como em um computador ou na nuvem): total 31%, apenas celular, 16%, computador e celular, 56%;
- Transferiu arquivos ou aplicativos entre dispositivos, inclusive pela nuvem: total 27%, apenas celular, 14%, computador e celular, 48%;
- Conectou ou instalou novos equipamentos com ou sem fio (como modem, impressora, câmera ou microfone): total 20%, apenas celular, 8%, computador e celular, 40%;
- Criou uma apresentação de slides: total 15%, apenas celular, 7%, computador e celular, 29%;
- Usou fórmula em uma planilha de cálculo: total 15%, apenas celular, 6%, computador e celular, 29%;
- Criou programa de computador ou aplicativo de celular usando linguagem de programação: total 4%, apenas celular, 3%, computador e celular, 7%;
- Nenhuma das opções: total 29%, apenas celular, 40%, computador e celular, 9%;
Queda no número de domicílios
O número de domicílios brasileiros com acesso à internet caiu dois pontos percentuais em relação a 2021. Segundo a TIC Domicílios, o índice em 2022 foi de 80% contra 82% em 2021. O auge foi em 2020, com 83%.
O levantamento usou como amostra 23.292 domicílios que responderam aos técnicos, entre junho e outubro de 2022.
A maioria das residências está conectada por cabo ou fibra ótica: cerca de 38 milhões. Depois vêm as redes móveis, com 10 milhões; e a banda larga fixa, com 5 milhões. Cerca de 7 milhões não sabiam ou não responderam à pergunta sobre o tipo de conexão.
Isso mostra como a conexão banda larga por cabo e fibra cresceram no país. Em 2015, a mesma pesquisa mostrava a banda larga comum como o principal meio de acesso, com 15 milhões de domicílios, contra 8 milhões de cabo e fibra. Houve, portanto, uma migração de clientes de um para o outro ao longo dos anos.
Na área urbana do Brasil, 82% do total de casas têm algum tipo e acesso, e na rural, 68% delas. Por região, a mais conectada é a Centro-Oeste, com 83%; no Sudeste, 82%; Sul, 81%; Nordeste, 78%; e Norte, 76%.