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A Fuga das Galinhas, co-produção inglesa e hollywoodiana (a DreamWorks de Spielberg é a parceira do outro lado do Atlântico), quando estreou nos Estados Unidos, ganhou status de cult e foi sucesso de bilheteria (só não abocanhou o primeiro lugar na bilheteria na semana de estréia por conta do último blockbuster de George Clooney, Mar em Fúria). Na Inglaterra, tornou-se a estréia mais bem-sucedida da história do país, desbancando os até então recordistas Um Lugar Chamado Notting Hill e Matrix, e arrecadou US$ 6 milhões nos três primeiros dias do filme nos cinemas britânicos. Uma luz no fim do túnel para os que se horrorizam com a idéia de que sexo e violência são os grandes chamarizes para atrair público aos cinema. A Fuga das Galinhas não traz nem uma coisa nem outra de forma explícita, mas combina momentos de ação, suspense, comédia e romance. Acredite. A história se passa numa granja no norte da Inglaterra, em meados dos anos 50, onde Ginger (Julia Sawalla), a líder do bando, tenta mil maneiras de escapar do lugar, com suas colegas. Quando está a ponto de fugir, surge o galo picareta, Rocky (Mel Gibson), que convence as galinhas da área de que ele é capaz de voar e, assim, vai ensiná-las a transpor a cerca da prisão/granja a caminho da liberdade. Será? A Fuga das Galinhas é, segundo seu roteirista, produtor e diretor Nick Park a versão galinácea de um dos maiores sucessos de Charles Bronson e Steve McQueen, Fugindo do Inferno. "Assim como naquele filme, a ação se passa num campo de concentração de prisioneiros de guerra em A Fuga das Galinhas, que reúne várias nacionalidades; tem, por exemplo, o galo-galã americano Rocky (Mel Gibson) e a galinha escocesa Mac que, por conta dos sotaques, não conseguem entender-se", conta Park. "Há também dois ratos malandros, dublados pelos atores Timothy Spall e Phil Daniel, que carregam no sotaque cockney (a maneira de falar da classe operária do leste de Londres) e representam os tipos que detêm a sabedoria das ruas." Ginger é, portanto, o Steve McQueen de penas do filme, e a responsável por concretizar a grande escapada da granja administrada pelo casal Tweedy. Ele, um bobalhão, ela, uma fazendeira sem coração, que só pensa em aumentar a produção de ovos em nome do lucro. A situação das pobres penosas já é difícil, mas fica insuportável quando a dona da granja chega à conclusão que produzir empada de galinha pode ser um negócio muito mais rentável do que vender ovos. Tanto tempo trabalhando juntos, e tão intensamente, transformou a dupla Nick Park e Peter Lord quase numa unidade na hora de responder perguntas. Um começa, o outro termina. Nick, apesar de ter sido o chamariz para essa parceria anglo-americana, é o mais tímido e Peter o mais articulado. Em comum, a satisfação de ver A Fuga das Galinhas tomando de assalto cinemas do mundo inteiro, além de toda uma coleção de merchandising, de roupas a brinquedos, de livros a material escolar. Mas, acima de tudo, Park e Lord garantem nunca terem ficado cansados de olhar ou falar de galinhas. Uma espécie de compromisso com a "causa" os manteve determinados a não dar para trás, explica, brincando, Nick Park. "Era como se estivéssemos fazendo A Lista de Schindler, mas com galinhas; você tem de acreditar na causa!" A Fuga das Galinhas custou US$ 28 milhões e coloca as aves num pedestal nunca antes experimentado por elas, ao lado de ratos, porquinhos, gatos, cães e patos que entraram para a história do cinema. Mas Nick Park deixa claro que o filme não foi feito exclusivamente para crianças, apesar de elas terem tudo para gostar dele. "Não pensamos especificamente no público infantil quando escrevemos o roteiro, mas, é claro, que vão adorar; os pais vão curtir esse filme tanto quanto os filhos", ressalta. "Posso adiantar que não há cenas de sexo explícito e, por mais que as crianças gostem de filmes de terror, é preciso ter um limite!", diz Nick Park. A própria DreamWorks não quis embarcar numa aventura cinematográfica para os baixinhos, pediu mudanças no roteiro e a retirada de um dos personagens criados pelos gênios ingleses da trama de A Fuga das Galinhas. É que a decidida Ginger tinha um irmãozinho, Little Nobby, que seria um pintinho do bem, mas cuja existência foi sacrificada para garantir que o filme atingiria uma platéia mais variada. Liberdade - Para alívio dos ingleses, essa interferência da poderosa produtora de Steven Spielberg no projeto de Nick Park e Peter Lord foi uma exceção na relação entre as duas partes envolvidas: "Tivemos toda a liberdade de criar, o que eliminou o medo de sermos engolidos pela máquina industrial de Hollywood", revela Park, que fica mais à vontade para enumerar as vantagens da parceria. "Já que nos dispomos a dedicar tanta energia e tanto tempo ao projeto, era fundamental saber que todos os motores da distribuição estavam sendo acionados." Surpreendentemente, agora que A Fuga das Galinhas é uma produção pronta e bem-sucedida em cinemas europeus e norte-americanos, seus criadores estão preocupados com um aspecto sobre o qual eles não têm grande controle: o da tradução e dublagem. "É assustador, mas já que não temos como controlar isso, só nos resta acreditar no trabalho dos responsáveis pela tradução e dublagem do filme e torcer para que a integridade do filme seja mantida", diz Peter Lord. Reza a lenda que Jeffrey Katzenberg, sócio de Spielberg na DreamWorks, ouve todas as versões de A Fuga das Galinhas e, mesmo sem conhecer a língua ou conferir a tradução, é capaz de, só de ouvido, reconhecer se a tradução e a dublagem foram feitas a contento." A Fuga das Galinhas é o primeiro fruto do casamento Nick Park-Peter Lord e a DreamWorks de Spielberg. A próxima empreitada já está sendo planejada: vai ser a versão, em animação, da fábula de Êsopo, A Tartaruga e a Lebre. Paralelamente, Park estará escrevendo um longa-metragem dos personagens que o tornaram mundialmente famoso: Wallace and Gromit. (Agência Estado) CONFIRA:
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Título Original: Chicken Run |
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