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"Hans Staden" traz resgate da vida e língua Tupinambá
A história real do viajante alemão que, em 1550, naufragou no litoral de Santa Catarina chega aos cinemas sobre o enfoque luso-brasileiro.
Dirigido por Luiz Alberto Pereira, o longa-metragem traz os primórdios da colonização do Brasil, envolvendo as diferentes culturas existentes na época, como índios, portugueses, espanhóis e franceses.
Hans Staden (com boa interpretação de Carlos Evelyn) consegue chegar a São Vicente, reduto da colonização portuguesa, após dois anos do naufrágio no litoral de Santa Catarina. Ali fica dois anos trabalhando como artilheiro do Forte de Bertioga.
Staden tinha para si um escravo da tribo Carijó que servia o Forte. Em janeiro de 1554, preocupado com o escravo que havia desaparecido depois de sair para pescar, resolve procurá-lo pelas redondezas.
Em uma canoa navega por um rio próximo, onde o escravo costumava pescar. Porém, ao invés do Carijó, encontra uma cruz próxima à beira do rio. A cruz com uma simbologia estranha, conhecida por Staden, era o sinal para os portugueses chamarem os Tupiniquins e obter notícias de seu escravo. Os Tupiniquins não aparecem, porém, sete Tupinambás, tribo inimiga dos portugueses e de seus aliados, cercam e aprisionam Staden.
É neste período que Staden é levado para a Aldeia de Ubatuba, onde será devorado num ritual antropofágico. A partir daí, a incansável tentativa de manter-se vivo faz com que o prisioneiro encontre diversas estratégias para convencer os índios de que não deve ser morto. Entre elas, mente que é francês, povo aliado dos Tupinambás, usa de sua fé cristã transformando-se em curandeiro e até adivinho, em virtude do forte misticismo dos Tupinambás.
Rodado em Ubatuba, onde foi construída uma réplica de uma autêntica aldeia Tupinambá do século dezesseis, o filme conta com a participação de atores já consagrados como Sergio Mamberti, Stenio Garcia, Claudia Liz, Ariana Messias e índios de várias etnias como Xavante, Kadwel, Munduruku, Queichua e Guaranis.
A grande sensação da produção é a língua utilizada por todos os atores. Resgatada pelo lingüista Eduardo Navarro, a língua falada pelos Tupinambás do século dezesseis foi auxiliada por Helder Ferreira, que deu suporte ao aprendizado e à pronúncia do elenco.
O filme recebeu o prêmio de Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora no Festival de Brasília no ano passado. O canto e a dança dos índios, reproduzidos no filme, foram desenvolvidos por Marlui Miranda, também compositora da música tema e importante pesquisadora dos rituais indígenas brasileiros. (Luciana Rocha)
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