Três mulheres acabam de receber indultos para deixar a prisão. As perspectivas, porém, são piores. Mesmo em liberdade, elas se sentem em uma grande prisão, com os direitos reduzidos e cercados pelos homens.Veja também:
» Trailer do filme
» Entrevista com o diretor Jafar Panahi
O Círculo, Jafar Panahi, discute a condição da mulher no Irã. A narrativa segue essas mulheres, com as histórias emendas, onde todas compõem um ciclo que se fecha no final. Junto a essa estrutura complexa soma-se também a complexidade técnica. Ele tentou adequar a narrativa ao espírito de cada uma delas
Seus dois primeiros filmes, O Balão Branco e O Espelho, contavam a história de crianças, mais exatamente meninas. Em O Círculo, em cada episódio, as mulheres apresentam diversos tipos de comportamento. O cineasta mexe com tabus da república islâmica - entre eles aborto, prostituição, abandono de crianças. Tudo isso inserido no cotidiano cruel e patriarcal reservado as mulheres, que não podem viajar sozinhas, fumar na rua ou andar de carro na companhia de estranhos. Por conta do tema de O Círculo, Panahi teve problemas com a censura iraniana e o filme foi proibido de ser visto em seu país.
O cineasta apresenta um cinema preocupado com o social e o individual. Talvez esteja aí a razão do sucesso do cinema iraniano em todo o mundo. Nesta era de globalização e desumanização, as pessoas conscientes voltam-se para esse tipo de cinema mais comprometido com o ser humano, até como alternativa à dominação dos mercados pela estética de efeitos especiais de Hollywood.
Panahi terminou o último tratamento do roteiro em 1998, mas o Ministério da Cultura do Irã não foi claro na avaliação do script e a equipe não conseguiu a permissão necessária para filmar nas ruas de Teerã. O diretor precisou, então, buscar ajuda internacional: no caso, uma co-produção com a Itália.
O Círculo foi o grande vencedor do Leão de Ouro em Veneza, na 57ª edição do Festival.