Cinco produções brasileiras vão participar do prestigiado Festival de Cinema de Berlim, sendo que o evento, com início nesta quarta-feira, terá ainda outros três filmes que falam sobre o país. As Três Marias, de Aluízio Abranches, O Invasor, de Beto Brant, Palace 2, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, Clandestinos, de Patrícia Moran, e Dadá, de Eduardo Vaisman participarão da mostra Panorama, dedicada a filmes de autor.
A mostra conta com 38 longas de ficção, 18 documentários e 23 curtas-metragens dos quatro cantos do mundo. Ao todo, o Festival de Berlim deverá exibir 400 trabalhos.
As Três Marias, do pernambucano Aluízio Abranches (de Um Copo de Cólera), conta a história de três irmãs que correm o sertão nordestino à procura de matadores para vingar a morte do pai.
O curta-metragem Palace 2, que retrata a realidade dos adolescentes que vivem em áreas de conflito compelidos a uma vida marginal, também foi premiado nos festivais de Brasília e Sundance. Meirelles dirigiu a comédia Domésticas, que foi exibida no Festival de Roterdã este ano, e prepara um longa que dará sequência a Palace 2.
Clandestinos, curta de estréia de Patrícia Moran, mostra uma série de imagens-situações sobre o processo de esconde-esconde vivido por estudantes engajados na luta política dos anos 1960. Dadá é um documentário sobre atores que moram no morro do Vidigal, no Rio de Janeiro.
Brasil na Berlinale
As produções brasileiras não estão concorrendo aos cobiçados Ursos de Ouro e Prata da Berlinale deste ano, mas já tiveram presença marcante em outros festivais da capital alemã.
O maior destaque foi Central do Brasil, que ganhou o prêmio máximo em 1998, rendendo também o Urso de Prata de melhor atriz a Fernanda Montenegro. O diretor Walter Salles despontou internacionalmente depois do prêmio, e o filme foi indicado ao Oscar, assim como Montenegro.
O Brasil havia recebido outro Urso de Ouro em 1978, com A Queda, de Ruy Guerra. Em 1964, Glauber Rocha garantiu o Urso de Prata por Os Fuzis.
Este ano, além dos cinco brasileiros em exibição, o país aparece em três produções estrangeiras: Moro no Brasil, do finlandês Mika Kaurismaki, Guerreiro da Luz, da alemã Monika Treut (seção Panorama), e É Minha Cara, do norte-americano Thomas Allen Harris, na mostra Fórum.
É Minha Cara (That's My Face), de Thomas Allen Harris, é uma busca do cineasta por suas origens negras. O filme tem locações em Salvador (Bahia) - ao som de Paralamas do Sucesso -, no Bronx, bairro negro de Nova York onde o diretor nasceu, e na África.
Traut é uma documentarista cujos trabalhos incluem os polêmicos Didn't Do It For Love e Gendernauts. Seu longa-metragem aborda a luta de Yvonne Bezerra de Mello, que, depois do Massacre da Candelária, no Rio de Janeiro (1993), fundou o Projeto Uerê para meninos de rua na capital carioca.
Moro no Brasil - co-produção entre Brasil, Finlândia, França e Alemanha - é uma espécie de Buena Vista Social Club do samba, com a presença de músicos como Walter Alfaiate, Dona Ivone Lara, Elton Medeiros e Nelson Sargento.
Prestígio Internacional
O Festival de Berlim, agora em sua 52ª edição, é considerado um dos mais importantes do mundo, depois de Cannes e Veneza.
O evento exibirá mais de 400 filmes nas mostras Competitiva, Panorama, Kinderfilmfest (cinema infantil), Fórum e Cinema Alemão. Vinte e três filmes concorrem aos prêmios.
O júri será formado pela cineasta indiana Mira Nair (Casamento de Monções), o britânico Peter Cowie (ex-editor da revista Variety), a diretora argentina Lucrecia Martel, o produtor francês Claudie Ossard (O Fabuloso Destino de Amélie Poulain), o cineasta alemão Oskar Roehler, o diretor norte-americano Kenneth Turan, o diretor haitiano Raoul Peck, a atriz italiana Nicoletta Braschi (esposa do ator e diretor Roberto Benigni) e o diretor de fotografia norte-americano Declan Quinn.
O festival encerra em 17 de fevereiro, quando serão anunciados os premiados em uma cerimônia no Berlinale Palast, na praça Marlene Dietrich.