MAM-SP busca brasilidade de Tarsila e Di em nova mostra
Quinta, 24 de outubro de 2002, 10h44
Dois expoentes do modernismo brasileiro, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, são as estrelas de uma exposição em São Paulo com 112 pinturas e desenhos, que abrirá ao público na sexta-feira no Museu de Arte Moderna. Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti: Mito e Realidade no Modernismo Brasileiro tem por objetivo revelar o caráter nacional único das obras dos dois artistas, a paulista vinda da aristocracia rural e o carioca de origem suburbana. "Eles chegam à questão do que é ser brasileiro através de uma visão inovadora, que não estava presente nas artes, mesmo com experiências anteriores como a de Almeida Júnior", diz em comunicado a curadora da exposição, Maria Alice Milliet. "Tarsila e Di trazem para dentro da arte nacional o olhar de um outro brasileiro". As obras escolhidas por Milliet privilegiam o momento áureo do modernismo, entre as décadas de 1920 e 1930, mas também resgatam trabalhos tardios, da década de 1940 e 1950, como a obra Batizado de Macunaíma de Tarsila. O quadro Abaporu de 1928, estopim para o Manifesto Antropófago, entretanto, não estará presente. No seu lugar, estarão os desenhos preparatórios da famosa pintura, assim como esboços da obra A Negra. Das obras de Di Cavalcanti, o público poderá apreciar 12 desenhos do acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da USP que, segundo a curadora, "são charges que satirizam a realidade brasileira". Outros trabalhos do mestre Di, que ficou conhecido como o pintor das mulatas, estarão Moças com Vilão, Mulheres na Janela e Mulheres no Mangue. "A visão politizada de Di foca a gente do subúrbio, gente que conhece e com quem se relaciona", explica Milliet. "Ambos artistas têm em comum a aproximação afetiva, o que evita o enrijecimento dos temas, a dureza da forma, a rigidez de princípios".
Reuters
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