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Com estreia no Norte, Magazine Luiza avança para se tornar Amazon brasileira

Nos moldes da chegada a São Paulo há 11 anos, varejista abrirá 51 lojas no Pará e nove no Maranhão, em apenas 20 dias; movimento reforça estratégia da rede de unir a operação online a lojas físicas, transformando-as em pequenos centros de distribuição

1 mai 2019 - 04h11
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Onze anos depois de estrear na cidade de São Paulo com a abertura de 50 lojas num único dia, o Magazine Luiza quer repetir o barulho que fez à época, só que agora no Norte do País. É a única região onde a empresa não está presente. O Estado apurou que no início do segundo semestre, num intervalo de apenas 20 dias, a companhia vai estrear no Pará com 51 lojas e abrirá outras nove lojas no Maranhão, onde a rede começou a operar no ano passado.

A maioria das lojas do Pará será em cidades menores, fora da capital, Belém. Isso reforça a estratégia da companhia que, na avaliação de consultores, caminha na direção de ser a Amazon (gigante do varejo mundial) brasileira. Ao ampliar sua capilaridade, chegando a municípios mais distantes dos grandes centros, a varejista reforça o modelo de negócio que une as lojas físicas com o varejo online. Os pontos de venda viram uma espécie de mini centros de distribuição, o que garante a rapidez na entrega das compras online, o maior obstáculo ao avanço do e-commerce, sobretudo em regiões distantes do Sudeste.

Presença em pequenas cidades pretende superar desafios logísticos do País.
Presença em pequenas cidades pretende superar desafios logísticos do País.
Foto: Divulgação / Estadão

Para fincar bandeira no Pará e expandir no Maranhão, onde já tem 27 lojas, o Magazine Luiza fechou um contrato de cessão comercial de 48 pontos de venda hoje ocupados pelo Armazém Paraíba. A tradicional varejista de móveis e eletrodomésticos do Norte e Nordeste é conhecida por ter lojas em áreas mais remotas.

Dos 48 pontos de venda do Armazém Paraíba locados pelo Magazine Luiza, 39 estão no Pará e nove no Maranhão. A administração do Armazém Paraíba informou, por meio de nota, que "a negociação com a Magazine Luiza envolve apenas e tão somente a cessão de 48 pontos, na sua grande maioria imóveis próprios". Isso significa que nesses pontos de venda a marca Magazine Luiza substituirá o Armazém Paraíba. Sob a nova administração, os funcionários dessas lojas provavelmente deverão ser reaproveitados, diz uma fonte.

A administração do Armazém Paraíba afirmou ainda, em comunicado, que possui mais de 350 lojas espalhadas pelo Norte e Nordeste e continuará atuando no varejo, "sendo certo que nos Estados do Pará e parte do Maranhão, com foco no ramo mole (confecções, tecidos, calçados, cama, mesa e banho)". A rede não informou as cifras e prazos do contrato. "A empresa tem como política não divulgar valores de negociações."

Além das 48 lojas locadas do Armazém Paraíba, o Estado apurou que o Magazine Luiza negociou outros 12 pontos de venda no Pará com pequenos varejistas locais. Procurado, o Magazine Luiza não se pronunciou.

Potencial

De acordo com consultores de varejo, a estratégia do Magazine Luiza faz todo sentido. Nascida em Franca, no interior de São Paulo, a rede que faturou quase R$ 20 bilhões no ano passado não tinha presença numa das áreas de maior potencial no País. Segundo Eugênio Foganholo, sócio da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, esse potencial de consumo no Norte ainda não é explorado por redes nacionais.

É uma oportunidade e tanto - que também apresenta desafios principalmente em relação a investimentos -, mas que pode resultar em retorno proporcional.

Para Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o Magazine Luiza foi o primeiro varejista do País que deu um significado diferente à loja física. "É uma empresa nacional, com mídia nacional e categorias que estão em crescimento", afirma. "Dez dias atrás anunciou que iria vender livros. Com a Netshoes vai entrar em artigos esporte e moda." Tantas alternativas mostram um novo caminho. " O Magazine está cada vez mais parecido com a Amazon e menos com um varejista de eletromóveis", diz ele.

Estadão
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