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Lojas 'saudáveis' aceleram os investimentos e avançam mesmo na pandemia

Super Saudável vai investir R$ 10 milhões em 4 lojas, com a expectativa de faturar R$ 60 milhões nos próximos dois anos; La Fruteria, do Rio, quer chegar a São Paulo

17 nov 2020 - 13h01
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Desde 2018, o empresário Andre Francez Nassar tem um pequeno supermercado, no bairro Alto de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, com um foco totalmente diferente do atacarejo Giga, que ele preside. Na loja do Super Saudável não se encontra margarina, açúcar refinado nem farinha branca, por exemplo. Nenhum dos 2,8 mil produtos expostos nas prateleiras pode conter ingredientes artificiais ou conservantes na formulação.

A lista de ingredientes vetados por uma equipe de nutricionistas que avalia os rótulos e a composição de cada alimento vendido na loja é longa: passa de 200. "Temos bastante produtos orgânicos frescos, mas o nosso principal diferencial é não comercializar alimentos que levam ingredientes artificiais", diz o empresário, que, em meio à pandemia, decidiu acelerar os investimentos e abrir quatro novas lojas.

A primeira, de 350 metros quadrados (m²), começa a funcionar hoje em Alphaville (SP). No mês que vem, será inaugurada outra, do mesmo tamanho, no bairro paulistano do Morumbi. Em março de 2021, será aberta uma loja bem maior, de 800 m², em Moema, e uma loja dentro Giga Atacado, em Tamboré. Também está programado para o próximo ano o início da operação do comércio online da rede, que hoje vende a distância pelo WhatsApp e iFood.

No projeto de expansão de lojas, serão aplicados R$ 10 milhões. A perspectiva é que, em até dois anos, a rede esteja faturando R$ 60 milhões por ano. A meta é em três a quatro anos ter lojas em todos os bairros paulistanos mais centrais, com potenciais consumidores das classes A e B e pessoas com restrição alimentar. Depois, o projeto segue em expansão para outras capitais do País.

Com perfil semelhante ao Super Saudável, a rede La Fruteria, do Rio de Janeiro, estreou nesse segmento de alimentos saudáveis em 2015, como uma loja de 30 m². "Naquela época o mercado de alimentação saudável estava começando a nascer no Brasil", diz Caroline Scarpinelli, sócia-fundadora.

O negócio deu tão certo que um ano e meio depois foi preciso se mudar para uma loja maior, de 180 m². Hoje, a rede tem dois endereços, uma loja de 500 m² na Barra da Tijuca e outra em Ipanema. "Esse é um mercado crescente, por isso as lojas foram aumentando de tamanho", afirma a empresária.

Em fevereiro, será aberta a terceira loja da rede no BarraShopping. "A nossa intenção é democratizar o acesso a esses produtos, já que o shopping recebe um público diverso."

Também no ano que vem, a rede pretende abrir mais uma loja na zona sul do Rio e estrear na capital paulista, no bairro de Pinheiros. Caroline diz que o cliente do seu supermercado é aquela pessoa que quer se alimentar bem. "A pandemia potencializou esse desejo."

Essa também é a opinião do consultor Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). Com a pandemia, o brasileiro passou a fazer as refeições em casa, aumentou a preocupação com a alimentação e a saúde e deu preferência para ir às compras nos supermercados de vizinhança. Os três pontos, segundo o consultor, se encaixam perfeitamente nesse novo modelo de negócio.

"Esse é um nicho muito interessante, mas eu não acredito que haja mercado para lojas grandes de 2 a 3 mil m² ,no formato de grandes redes como a Whole Foods (rede dos EUA especializada em produtos saudáveis, comprada pela Amazon)", pondera Terra. Ele acredita que o brasileiro ainda está aprendendo a consumir produtos naturais e orgânicos.

Para investir na nesse nicho, Nassar, do Super Saudável, conta que tentou calcular o tamanho do mercado de alimentos saudáveis a partir de uma parte dele. Isto é, o consumo de produtos orgânicos, que tem potencial para movimentar cerca de R$ 5 bilhões por ano no País. "Mas o mercado de produtos saudáveis é maior do que isso", pondera o empresário.

Terra diz que um desafio é dimensionar o tamanho desse mercado de produtos saudáveis. Outro é conseguir equilibrar as margens de venda na formação de preço do produto, pois o custo de aquisição dessas mercadorias normalmente é mais elevado. Também garantir o fornecimento regular dos produtos, geralmente feito por fabricantes menores, é outro obstáculo.

Gargalo

Nassar concorda com o consultor e observa que em outros países, como nos Estados Unidos e Alemanha, esse mercado de alimentos saudáveis é mais maduro. Por isso, a oferta de produtos pelas indústrias é maior. "Aqui é muito difícil e um dos desafios é encontrar produtos." No entanto, ele lembra que grandes indústrias têm feito movimentos para atuar nesse nicho. O empresário cita como exemplo a aquisição da empresa Mãe Terra pela gigante Unilever. Sinal de que os tempos estão mudando.

Estadão
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