Rio – A imprensa esportiva uruguaia se comporta passionalmente quando o assunto é sua seleção. E quando a equipe que já conquistou duas vezes a Copa do Mundo, mas que não a disputa desde 1990, é derrotada, ainda mais para um fraquíssimo time, como o da Venezuela - que ainda segura a lanterna nas Eliminatórias, com sete pontos em 14 jogos - palavras que expressam todo o sentimento dos torcedores são estampadas com destaque nos jornais. Assim como nos grandes feitos, como na vitória sobre o Brasil na rodada passada.
Palavras como "Horrível", "Vergonha" e "Feridos" (em relação aos jogadores) foram estampadas nas páginas do principal jornal uruguaio, "El Pais", nesta quarta-feira. Embora mais comedido na manchete ("Uruguai perde para a Venezuela"), na crônica do jogo, o jornal "El Observador" usa "Humilhação" como a primeira palavra do texto. O primeiro parágrafo reflete o que ocorreu em Maracaibo na noite de terça-feira:
"Humilhação em Maracaibo. Os venezuelanos estão nas arquibancadas enlouquecidos. O grito de olé, olé invade o ouvido (sic) dos uruguaios. A imagem é terrível: Púa (Victor Púa, técnico do Uruguai) parado na pista de atletismo, Darío Rodríguez e Diego Pérez caminham por detrás do banco sem querer olhar para o campo. Dudamel (goleiro da Venezuela) consegue defender a bola de Recoba e o público explode".
Para o jornal "El Pais", se a seleção uruguaia pretende se classificar para Copa de 2002 não pode perder para a Venezuela. Sob os títulos "A dor de uma noite triste" e "Vergonha", assinado por Jorge Savia, de Maracaibo, o texto afirma que "o time celeste esteve desconexo, desorientado, impotente e não merecia outra sorte que a derrota. Sua inoperância o condenou".
Após o jogo, depois de discutir asperamente com um fotógrafo uruguaio, o técnico Victor Púa pediu desculpas e depois ainda apaziguou os ânimos quando o treinador de goleiros Ladislao Mazurkiewicz (goleiro da seleção que disputou a Copa de 70 e ex-arqueiro do Atlético-MG) retomou a discussão, xingando o mesmo fotógrafo. Púa foi o único a falar, pois os jogadores saíram sem dar declarações.
“Minha obrigação é dar as caras”, disse o treinador no vestiário, que se mostrava sereno, embora triste: “Houve certos ingredientes que não possibilitaram aos rapazes jogarem uma boa partida. De qualquer forma a Venezuela nos ganhou bem.”
Apesar da derrota, Púa se mostrou otimista em relação à classificação:
“Ainda serão disputados doze pontos e estamos conscientes de que é preciso continuar lutando, porque ainda temos chances. Esta derrota nos dói, mas não podemos ficar nos queixando porque devemos seguir adiante.”