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Lugar de mulher é no comando: uma conversa com Ingrid Gasparin

Uma entrevista com Ingrid Gasparin, primeira capitã e piloto do Fórmula UTFPR, falando sobre os desafios da Fórmula SAE.

19 set 2022 - 16h15
(atualizado às 17h35)
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Ingrid na oficina do Projeto Fórmula UTFPR
Ingrid na oficina do Projeto Fórmula UTFPR
Foto: Ingrid Gasparin / Acervo Próprio

Os fãs de automobilismo normalmente focam nas principais categorias, como a F1. Porém, para engenheiros e outras profissões ligadas ao automobilismo, as coisas podem começar bem antes. Um exemplo é a Fórmula SAE, categoria presente em vários países e até uma etapa mundial. Nela, estudantes de engenharia de vários locais desenvolvem um carro de corrida que é avaliado em provas estatísticas e dinâmicas.

Dentro deste universo, é cada vez mais comum ver mulheres. Várias equipes já são comandadas por mulheres, que também ocupam diversos cargos chaves. Entrevistamos Ingrid Gasparin, que foi capitã da equipe Fórmula UTFPR, de Curitiba, durante o período de agosto de 2021 até agosto de 2022, além de pilotar o carro.

Parabólica: Como você se interessou por entrar no projeto Fórmula UTFPR?

Ingrid Gasparin: Eu estava procurando um projeto de extensão em que eu pudesse trabalhar com eletrônica, que é a minha formação técnica. Atualmente, faço Engenharia Civil e não havia relação. Conheci o projeto de Fórmula SAE e fiz o processo seletivo para o subsistema de Elétrica e Eletrônica Embarcada (EEE). Ao mesmo tempo, também entrei para o subsistema de Administração e Marketing até assumir a capitania no ano seguinte.

P: Como foi ser a primeira capitã do Fórmula UTFPR?

IG: Foi muito importante alcançar esse cargo. Creio que, por questões de representatividade,  para mim e para outras meninas também. No início, não foi bem aceito por que a minha graduação não é na mecânica. Porém, com o tempo,  consegui conquistar a confiança e o respeito tanto da equipe quanto do pessoal externo.

P: Qual foi o maior desafio em sua administração?

IG: Foi a questão da comunicação. Como estávamos em isolamento por questões da pandemia, era muito complicado você se expressar e interpretar as coisas corretamente pelo WhatsApp. Fora ter muito ruído de comunicação e falta de engajamento da equipe por não estar presente no dia a dia do laboratório.

Ingrid pilotando o EK305 durante os testes
Ingrid pilotando o EK305 durante os testes
Foto: Ingrid Gasparin / Acervo Próprio

P: Como foi levar a equipe para a competição?

IG: Foi uma experiência incrível que fez valer a pena todo o esforço dos últimos dois anos. O contato com equipes de outras regiões do país e também com empresas e veículos de comunicação foi extremamente gratificante. Apesar dos obstáculos que apareceram durante a competição, levando a mais verificações do que o esperado e mais tempo para poder resolver.  Mas a equipe deu o seu melhor. E também graças a ajuda de outras equipes foi possível completar a maioria das provas dinâmicas.

Também pudemos apresentar todas as provas estáticas recebendo um feedback para melhorar ainda mais o próximo projeto. Eu recebi muito apoio dos membros antigos, tanto de 2018 quanto de 2019, e a ajuda deles foi imprescindível devido a experiência de competição e de equipe. Foi uma realização bem grande pessoal e para a equipe, onde trabalhamos muito juntos e pudemos ver o resultado do esforço conjunto.

P: Como você se tornou piloto da equipe?

IG: Segundo o regulamento da competição, é necessário que tenha no mínimo quatro pilotos para que a equipe possa completar todas as provas dinâmicas. Porém, tínhamos três pilotos até então e não estava conseguindo encontrar a quarta pessoa. Então eu mesma me propus a ocupar essa posição também para que não fosse um obstáculo para a equipe e comecei a trabalhar os meus pontos fracos.

Em 2022, foi o primeiro ano que conseguimos realizar testes do carro antes da competição e isso foi fundamental para melhorar a performance de todos os pilotos e o setup do carro. Não cheguei a correr na competição porque não conseguimos passar na inspeção a tempo de disputar as duas primeiras provas estáticas, mas só de ter passado nos testes de cinco segundos e ter recebido a pulseira de piloto já foi uma grande conquista para mim.

Equipe Fórmula UTFPR durante a competição de 2022. Ingrid está dentro do carro.
Equipe Fórmula UTFPR durante a competição de 2022. Ingrid está dentro do carro.
Foto: Ingrid Gasparin / Acervo Próprio

P: O que você espera do futuro da equipe?

IG: Eu espero que o resultado da competição traga motivação para os membros futuros levarem o projeto cada vez mais longe, podendo se desenvolver pessoal e profissionalmente e lembrando sempre do espírito de equipe e perseverança para vencer os obstáculos que o projeto e a competição trazem.

P: Como o projeto ajudou no seu desenvolvimento?

IG: A equipe chegou a ter 80 membros, isso exigiu que fosse necessário uma boa comunicação e postura para lidar com a personalidade de cada um. Sobre o projeto, pude me desenvolver na área de gestão e na área da mecânica, que não é a minha área de formação. Então, eu aprendi muita coisa que vou levar para a vida, tanto de processos manuais, como solda e usinagem, a diversos conceitos teóricos, como dinâmica veicular, motores, estruturas.

P: O que você pode falar para mulheres que querem entrar neste meio?

IG: Primeiro de tudo, que não tenha medo ou se sinta incapaz de realizar alguma atividade por mais que seja uma área majoritariamente masculina. Você encontrará uma rede de apoio e grande amizades para a vida. Cada vez mais encontramos mulheres ocupando diversas posições dentro das equipes da F-SAE mostrando sua capacidade e que o lugar de mulher é onde ela quiser.

Parabólica
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