Essas "classificações matemáticas" decorrem da utilização viciosa do expediente do "número mágico". Elege-se, sabe-se lá com base em que critérios, um valor de pontuação (que para o atual Campeonato Brasileiro é 44 pontos) que a imprensa trata como "nota de corte". Cada time que time que atinge o "número mágico" é saudado como "matematicamente classificado", sem que se atente para a incorreção repetidamente cometida.
Quem acessar hoje (08 de novembro) a seção do Chance de Gol referente do Campeonato Brasileiro, verá que o Atlético Paranaense e o São Caetano estão ambos com 99,999999% de chance de classificação e que 44 pontos dão apenas 99,26% de garantia de classificação. E, assim como 99,999999% não é igual a 100%, estar "praticamente classificado" ou "virtualmente classificado" não é igual a esta "matematicamente classificado". Estar "matematicamente classificado" significa que a chance de eliminação é rigorosamente igual a zero e que, aconteça o que acontecer (mesmo que um espÃrito maligno conduza as derradeiras rodadas à situação mais desfavorável possÃvel), a equipe já está irreversivelmente garantida na fase seguinte da competição.
Suponhamos, então, que as últimas rodadas apresentem os seguintes resultados:
- O Atlético Paranaense (que hoje tem 44 pontos) perde seus jogos para Juventude, Sport, Gama, Guarani e Vitória, terminando com 44 pontos.
- O São Caetano (44) perde seus jogos para Corinthians, Guarani, Grêmio, Flamengo e Botafogo-RJ, ficando com 44 pontos.
- O Grêmio (41) vence o São Caetano, empata com o Palmeiras, Atlético Mineiro e Vasco e ganha da Portuguesa, ficando com 47 pontos.
- O Fluminense (41) empata com o Internacional, ganha de Santos e Paraná e perde para Portuguesa e Corinthians, chegando a 48 pontos.
- O Atlético Mineiro (39) empata com Grêmio e São Paulo, ganha de Vasco e Corinthians e perde para o Palmeiras, chegando a 47 pontos.
- O Palmeiras (35) ganha de Atlético Mineiro, Vasco, Flamengo e Cruzeiro e empata com o Grêmio, chegando a 48 pontos.
- O Internacional (34) ganha de Santos, Flamengo, Corinthians e Cruzeiro e empata com o Fluminense, chegando a 47 pontos.
- O São Paulo (34) ganha de Botafogo-RJ, Flamengo, Cruzeiro e Vasco e empara com o Atlético Mineiro, chegando a 47 pontos.
- A Ponte Preta (35) ganha de Goiás, Juventude, Santos, Sport e Coritiba, chegando a 50 pontos.
- O Bahia (32) ganha de Paraná, Gama, América-MG, Coritiba e Sport, chegando a 47 pontos.
- O Vitória (32) ganha de Coritiba, Botafogo-SP, Goiás, Santa Cruz e Atlético Paranaense, chegando a 47 pontos.
Assim, a tabela final de classificação, nesta hipótese, apresentaria:
1º |
Ponte Preta |
50
pontos |
2º |
Fluminense |
48 |
3º |
Palmeiras |
48 |
4º |
Grêmio |
47 |
5º |
Atlético Mineiro |
47 |
6º |
Internacional |
47 |
7º |
São Paulo |
47 |
8º |
Bahia |
47 |
9º |
Vitória |
47 |
10º |
Atlético Paranaense |
44 |
11º |
São Caetano |
44 |
(tudo isso sem falar em Santos, Goiás, Paraná, Portuguesa, Guarani e Vasco que ainda podem chegar a 44 pontos).
Ou seja, contrariando as "matemágicas" da imprensa esportiva, pode se ver claramente no exemplo acima (que é apenas um dentre centenas de exemplos possÃveis) que:
1) Tanto o Atlético
Paranaense quanto o São Caetano ainda não estão MATEMATICAMENTE classificados
para a segunda fase.
2) Atualmente, nem mesmo 47 pontos garantem MATEMATICAMENTE a classificação para a segunda fase.
Alguém ainda pode dizer que a hipótese acima é muito pouco provável de ocorrer. No entanto, a existência de uma única hipótese que resulte na eliminação de uma equipe, por mais improvável que seja, é suficiente para impedir que seja considerada "matematicamente classificada".
Em suma, antes de considerar precocemente uma equipe "matematicamente classificada", os jornais, revistas, rádios e TVs do Brasil deveriam ter atentado para o conceito de "classificação matemática", evitando repetir a publicação de erros dessa espécie.
É isso aÃ. A qualquer momento estarei Acertando as
Contas com um novo assunto atual do futebol.
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