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Morte de Pelé comove torcedores e mobiliza turistas, crianças e estrangeiros em Santos

Milhares de pessoas vão ao entorno da Vila Belmiro e ao Museu Pelé no dia seguinte à morte do Rei

30 dez 2022 - 19h02
(atualizado às 19h46)
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Pelé
Pelé
Foto: REUTERS

Pouco mais de 24 horas depois de confirmada a morte de Pelé, aos 82 anos, a movimentação na Vila Belmiro, palco de 210 dos 1116 jogos do Rei do Futebol pelo Santos, permaneceu intensa. A chuva não afastou centenas de pessoas do entorno do estádio. Havia fãs e torcedores, famílias com crianças - até mesmo de colo - curiosos, turistas e testemunhas de Jeová pregando sua doutrina em frente a um dos portões da Vila.

Os fãs se aglomeraram para tirar foto perto do busto e da estátua de Pelé, localizados no Memorial das Conquistas, e deixar arranjo de flores no chão. No portão ao lado, a loja do Santos estava cheia. A procura, claro, era por alguma camisa com menção ao maior de todos os tempos. A venda dessas camisas comemorativas de Pelé aumentou desde a morte do Rei, vítima de um câncer de cólon contra o qual lutava há mais de um ano. O gerente, porém, não quis dizer à reportagem quantas foram vendidas.

Alguns santistas tomavam cerveja no Bar do Alemão, conhecido reduto de santistas em frente à Vila. Outros aguardavam para falar com Didi, histórico barbeiro de Pelé durante mais de 60 anos, que atendeu os clientes mesmo em luto pela morte do amigo. Na quinta-feira, ele havia fechado o local. Estava triste demais para trabalhar. "Perdi um grande amigo e cliente", resume o barbeiro, sentindo um certo desconforto com as perguntas em espanhol de jornalistas estrangeiros. Havia japoneses, argentinos e até uma repórter da Al Jazeera, emissora de televisão ligada ao governo do Catar.

Mesmo que a saúde de Pelé já estivesse debilitada há anos e o câncer, progredido, existe ainda entre os fãs um sentimento de incredulidade pela morte do ídolo. "A gente sentia já essa perda, percebia que era um cenário irreversível, mas quando vi a notícia da morte foi difícil acreditar", diz o aposentado José Maria, 51 anos.

Ele não é santista e não viu ao vivo Pelé desfilar nos gramados, mas construiu idolatria pelo eterno camisa 10 por meio do relato do pai e dos vídeos com lances geniais do atleta. "Fico triste porque hoje não se veste mais a camisa como na época do Pelé, com brilho e vontade. Ele deixa saudade. Era o maior da história. Nenhum é igual".

O psicólogo aposentado Ademir Peres, 70 anos, estava pescando em Santos quando recebeu a notícia indesejada. A morte do ídolo lhe fez lembrar de quando jogava bola com os amigos nos arredores da Vila Belmiro e sempre encontrava o Rei.

"A molecada jogava bola na rua da Vila Belmiro e sempre encontrava os jogadores saindo do estádio. Eu tinha 10 anos na época. A bola espirrava, ele pegava e chutava pra gente", conta ele, cujo item mais valioso é uma camisa autografada por Pelé que diz não vender por nenhum dinheiro. Ele também se gaba de ter assistido ao vivo diversos jogos históricos do Santos de Pelé.

Peres é um dos milhares que visitaram o Museu Pelé no dia seguinte à morte do Rei. O espaço, situado a três quilômetros da Vila Belmiro, costuma encher nessa época do ano. Mas não havia recebido tanto público como nesta quinta e sexta desde a sua inauguração, em 2014. "Pelé é ídolo eterno. Perdemos o Pelé, mas fica seu legado, sua história", constata Peres.

Estadão
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