A Cori, velha conhecida da brasileira, dá um salto para entrar de vez no circuito de moda e estréia nas passarelas com um desfile para 400 pessoas, marcado para a próxima quarta-feira em um galpão da Barra Funda. O evento será assinado por Paulo Borges, diretor-geral do São Paulo Fashion Week e terá no casting nomes de ponta das passarelas internacionais, como Luciana Curtis, Mariana Weickert, Ana Cláudia Michels, Isabeli Fontana e Marcelle Bittar. "A Cori deixa de ser uma confecção para transformarse em uma marca lançadora de tendências", avisa o estilista Alexandre Herchcovitch, contratado a peso de ouro para ser seu novo diretor de criação. Nome incensado no Brasil e no exterior, Herchcovitch, que também cuidará da campanha e da imagem da Cori, promete dois desfiles por ano para marcar a nova fase. Este primeiro consumirá R$ 200 mil, valor maior do que é desembolsado em apresentação do tipo no São Paulo Fashion Week que, aliás, deverá ser o futuro palco da Cori.
Novo Rumo - A primeira coleção Cori por Alexandre Herchcovitch, que será mostrada na semana que vem, dá um novo rumo à trajetória de uma das marcas femininas mais sólidas do mercado nacional, em que o forte é alfaiataria. Ciente de que a Cori conseguiu desenvolver ao longo do tempo estilo próprio, Herchcovitch dispensará maiores rupturas. "Não haverá mudanças da água para o vinho", garante. "Queremos mostrar às clientes um novo jeito de se vestir e, ainda, conquistar outras."
Pertencente ao grupo GEP, do qual fazem parte também a Luigi Bertolli e a Perspectiva, a Cori fabrica por ano 810 mil peças - 45% dos 2 milhões produzidos pela organização toda. Ainda este ano, a empresa quer conquistar com lojas próprias outros mercados latino-americanos, como Santiago e Cidade do México. Ou seja: anda ávida pela internacionalização.
Neste processo, Herchcovitch é uma bênção: está no topo de um time que conjuga talento e credibilidade, visão nacional e internacional de moda, acuidade tanto para estilo como para negócios e participa dos desfiles de Paris em condições de igualdade com os principais estilistas do mundo.
Liberdade - Carlos Magno Gibrail, diretor da GEP, diz que Herchcovitch teve total liberdade de criação para desenvolver sua primeira coleção para a Cori, mas que nem foi preciso orientá-lo. A Cori continuará comercial e mostrando uma versão, digamos, mais ´unplugged´, do trabalho do estilista. "Se a diretora do Bank Boston usa a marca para trabalhar, continuará usando sob a direção de Herchcovitch", exemplifica Gibrail.
Criada em 1957, a Cori tornou-se um das marcas preferidas das executivas. Mas desde seus primórdios soube identificar os movimentos do vestuário feminino. Prova disso é que foi a primeira do mercado nacional a propor a calça comprida para mulheres, ainda na década de 60.
Em 1962, a empresa encomendava uma pesquisa à Marplan, em que ficou clara uma máxima da época: os homens gostavam da novidade, mas nas mulheres dos outros. As representantes do sexo feminino, no entanto, aprovaram e identificaram a peça como símbolo maior de emancipação, tão importante quanto a pílula anticoncepcional. A Cori também foi a primeira a investir nos anúncios de TV.
No início da década de 80, a indústria de confeccção entrou em crise, trazendo como conseqüência direta a entrada no mercado das chamadas "lojas de fábrica´, com a promessa de preços mais acessíveis.
A Cori resistiu e continuou apostando nas vendas para as multimarcas. Ainda nesses anos de crise, conseguia abrir sua primeira loja própria. Há pelo menos uma década, passou a ter uma imagem mais contemporânea, mas nunca chegou a ser uma lançadora de moda.