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Felipe Folgosi recusa convites da Globo

Sábado, 19 de abril de 2003, 22h11

Com apenas 18 anos, Felipe Folgosi experimentava os louros e dissabores de ser um protagonista de novela da Globo. Em 1993, ele interpretou o paranormal Aleph, de Olho No Olho, de Antônio Calmon.

Dez anos depois, o ator se dá ao luxo de esnobar convites para voltar à emissora. Jura que prefere trabalhar em novelas gravadas em São Paulo. Afinal, assim pode se dedicar às longas - e geralmente rentáveis - temporadas teatrais em palcos paulistas.

Com essa lógica, Felipe interpreta de bom grado o romântico Álvaro de Jamais Te Esquecerei, no SBT. "Novela é novela. Não importa a emissora, é sempre a mesma linguagem", simplifica, sem rodeios.

Na novela mexicana, que ganhou produção e elenco nacionais, Felipe forma um triângulo amoroso com os protagonistas Fábio Azevedo e Ana Paula Tabalipa, intérpretes dos apaixonados Danilo e Beatriz.

Mas, como o texto original de Caridad Bravo Adams não pode ser modificado - em função do contrato do SBT com a Televisa -, o destino de Álvaro já está selado. Ele será morto no dia do seu casamento com Beatriz. O assassino é o todo-poderoso Vítor, personagem de Marcos Weinberg, que nutre uma paixão doentia pela personagem de Ana Paula. Só que o destino nos folhetins mexicanos não deixa os malvados impunes. E o criminoso vai descobrir depois que Álvaro era, na verdade, seu próprio filho. "É uma estrutura parecida com a das novelas de Janete Clair", valoriza o ator, não muito enfático.

Se a história é cheia de clichês, as gravações de Jamais Te Esquecerei seguem um ritmo próprio - e bem puxado. Diferentemente da Globo - que grava uma novela em oito ou nove meses - o SBT adapta as tramas mexicanas em apenas quatro meses.

Em compensação, elenco e equipe gravam até 70 cenas por dia, inclusive fins de semana – na Globo são gravadas entre 30 e 40 cenas por dia útil. "Prefiro o método tradicional, mais longo. Permite ao ator fazer um trabalho melhor de composição e deixa um tempinho livre para outros projetos", reconhece Felipe, que também não acredita ser mais simples interpretar um bom moço. "É mais difícil de dar credibilidade ao papel e torná-lo interessante. Os vilões sempre chamam mais a atenção", admite.

Embora nunca tenha interpretado propriamente um vilão na tevê, Felipe já teve a chance de encarnar tipos bem diferentes. A começar pela estréia na Globo, em 93. Na minissérie Sex Appeal, de Antônio Calmon, ele interpretou o viciado Júlio que, embora fosse bom caráter, vivia à sombra do irmão, personagem de Nico Puig.

"Não tinha a menor noção de câmara e enquadramento. A minissérie foi um batizado e tanto!", lembra o ator - lançado na mesma "safra" de Nico e de atrizes como Carolina Dieckmann, Luana Piovani, Camila Pitanga e Danielle Winits.

Mas a prova de fogo mesmo veio na novela Olho No Olho, também escrita por Calmon e exibida em 93. A convite do diretor Ricardo Waddington, Felipe encarou seu primeiro protagonista, o jovem paranormal Aleph. "Fui jogado aos leões e não estava preparado. Se fosse hoje, com mais experiência, teria aproveitado melhor aquela oportunidade", reconhece, com um certo pesar.

Do horário das sete, o ator foi para a cobiçada faixa das oito. Na pele do cigano Vladimir, Felipe fez par romântico com Leandra Leal em Explode Coração, novela de Glória Perez exibida em 95.

Depois veio o aventureiro Lucas, de Corpo Dourado, de Antônio Calmon, em 98, e o correto Douglas, de Vidas Cruzadas, exibida pela Record em 2000. "É uma bobagem essa cobiça pelo papel de protagonista. Ele trabalha mais e nem sempre se diverte", pondera o ator.

Felipe conta que chegou a recusar alguns convites para retornar à Globo em função dos compromissos assumidos com o teatro em São Paulo. Numa das vezes, deixou de ser protagonista de uma das incontáveis fases de Malhação.

Noutra, abriu mão de um papel na minissérie Chiquinha Gonzaga. "A fama e a exposição que o ator ganha com a televisão é efêmera. Quero construir minha carreira em bases sólidas", garante o ator que retoma, pelo quinto ano, a temporada paulista da peça Qualquer Gato Vira-lata Tem Uma Vida Sexual Mais Sadia Que A Nossa, de Juca de Oliveira, com direção de Bibi Ferreira.

Roberta Brasil / TV Press

            

 
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