Sexta, 12 de abril de 2002, 16h
Quem acompanha a carreira do paulistano Marcos Mion, de 22 anos, - hoje no comando do Descontrole na Band - não pode ignorar sua boa dose de humor, a capacidade de romper padrões na televisão brasileira, satirizar e criticar a classe artística como a presente na Casa dos Artistas, do SBT, programa no qual sua ex-namorada Patrícia Coelho participou. "Acho ridículo o que as pessoas se submetem a fazer lá. O programa é uma prostituição na carreira. O artista tem que ser julgado pelo seu trabalho artístico, e não como pessoa porque ninguém é perfeito".
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Hoje, com um prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) no currículo, o ex-VJ não esconde o entusiasmo com sua atração diária e revela que não está preocupado com a acusação de plágio feita pela MTV contra ele. "Estou numa emissora aberta que me confiou o horário nobre. Meu programa é o que mais movimenta dinheiro. Isso é uma honra pra mim. Se eu pudesse ter sonhado e escrito um início de carreira, não faria de forma diferente. O que eu fazia na MTV não eram quadros. Nada mais era do que a minha habilidade artística. O que a gente vai discutir na Justiça é a quem pertence o registro. Agora plágio, só se for de mim mesmo".
Ele reconhece que foi na emissora musical que conquistou a liberdade de expressão. "A MTV sempre foi uma ideologia, um lugar que eu sempre quis trabalhar. E vai continuar sempre sendo assim: aquela galera animada, aquela criação e liberdade. Foi lá que eu desenvolvi o meu estilo porque eles confiaram em mim. Liberdade é algo que eu prezo muito".
Mion diz acreditar na afinidade que tem com o público jovem, mas não esconde a vontade de voltar a atuar. "Não agüento mais. Faz dois anos que eu não atuo. Estou com um projeto para fazer uma peça, provavelmente ainda este ano. No momento, estou me reunindo com autores e procurando textos. Alguma coisa vai sair".
Na última quinta-feira, dia 11, Mion atendeu a reportagem do Portal Terra durante a gravação de uma matéria para o programa Descontrole no parque Hopi Hari, em São Paulo, na companhia das crianças Michel Pereira da Silva, 11 anos, Eliana Santos de Oliveiras, 13 anos, e Gilberto Pereira da Silva, 15 anos.
O apresentador, que encarna personagens musicais e faz paródias de clipes famosos, assumiu que faz as unhas, depila o peito, que já foi traído e usou drogas. "Já experimentei todos os tipos de drogas, menos as injetáveis. Hoje a única droga que uso é o álcool, mesmo assim em ocasiões ímpares".
Mion contou ainda que já foi aspirante a jogador de basquete - paixão da adolescência que abandonou por causa de uma namorada - torce pela convocação de Romário na seleção brasileira e não gosta de ser reconhecido nas ruas. "Pra falar a verdade, eu gosto do meu trabalho. Tem horas que você não consegue almoçar porque tem que tirar uma foto com um fã ou dar um autógrafo. Uma coisa que me deixa irritado é ouvir 'quem mandou ser artista, agora agüenta'. Não concordo com isso. Talvez eu chegue a gostar da fama, mas isso ainda me incomoda bastante. Eu não consigo ficar totalmente à vontade".
Mion estudou Filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e cursou Comunicação e Artes do Corpo na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). No teatro, participou das peças A Invasão, de Dias Gomes, e da tragédia grega Antígone. Na televisão, viveu o judeu Max do seriado Sandy & Júnior na Globo, emissora que o convidou recentemente para participar da minissérie O Quinto dos Infernos e novela Coração de Estudante. "Ainda não é o momento para eu voltar a fazer novela, não tenho inspiração. Quero estabelecer minha carreira de apresentador e depois voltar a atuar", concluiu.
Alexsandra Bentemüller Redação Terra
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