O alemão Kim "Kimble" Schmitz pode ser acusado de tudo, menos de não ter senso de autopromoção. Preso na última sexta-feira, na Tailândia, sob a acusação de fraude financeira, o seu site anunciava para esta segunda-feira, dia 21, sua "morte", supostamente por suicídio. Mesmo com Schmitz na cadeia, seus colaboradores deram continuidade ao "projeto", na verdade, um golpe publicitário.Até ontem, a página inicial do site Kimble.org apresentava a figura de um túmulo com as datas de nascimento (21 de janeiro de 1974) e morte (21 de janeiro de 2002) do alemão. A figura levava a uma carta em que Kimble criticava jornalistas e autoridades de seu país (ele se considera um gênio incompreendido) e explicava sua decisão de seguir para um "novo mundo". Hoje, sua "morte" está esclarecida.
A mesma página traz agora a figura de uma coroa e as palavras: "O verdadeiro Kim Schmitz se foi. Agora ele é conhecido como Sua Alteza Real, o Rei Kimble I, administrador do 'Kimpério' (Kimpire)". O "kimpério" em questão pretende ser uma união de várias pessoas e empresas, em várias línguas, para explorar negócios na Internet e fora dela. Kimble também demonstra planos de entrar para a política. Como ele irá fazer isso, não é explicado, já que o site serve mais para sustentar seu estilo megalomaníaco, com imagens de carrões, iates, aviões, viagens e festas.
Para quem tem a pretensão de se tornar imperador, Kimble começou — ou acabou — mal. Até ontem, ele dividia com duas dezenas de homens uma cela em condições precárias, em Bancoc, capital da Tailândia, segundo a edição online da revista Der Spiegel. Hoje, já se encontra em Munique, na Alemanha, mas continua preso.
Ele é acusado de ter artificialmente inflacionado o valor de ações em cerca de US$ 1 milhão. Em entrevistas, Schmitz nega sua culpa. Em 1994, ele já tinha sido preso por acesso não-autorizado a redes de computadores, crime pelo qual foi condenado. Depois disso, passou a trabalhar com empresas de segurança e ganhou bastante dinheiro (fala-se em mais de US$ 200 milhões).
Na Alemanha, sua fama de hacker e especialista em Tecnologia da Informação é ridicularizada por uma parte da imprensa. A própria Der Spiegel cita como lendas as ações do grupo de hackers antiterroristas fundado por Kimble — YIHAT. Uma dessas lendas diz que integrantes do grupo teriam desviado dinheiro das contas bancárias da organização terrorista Al-Qaeda, à qual pertence Osama bin Laden.
O site SecurityNewsPortal, que está novamente no ar depois de ter anunciado seu fim após uma invasão com a assinatura (provavelmente falsa) de Kimble, fez uma brincadeira com ele. O site anunciou ter conseguido fitas gravadas com conversas de Kimble com os juízes, promotores e até com um preso que dividia a cela com ele em Bancoc. Para ouvi-las, clique aqui.