As especulações sobre o fim do computador popular chegam ao fim. Wagner Meira Jr. do Departamento de Ciências da Computação da UFMG declarou que o projeto está hibernando por tempo indeterminado por "falta de apoio do governo". "A ABINEE (Associação Bras. Indústrias Eletro-eletrônicas) foi contra a fabricação do computador e o governo federal não fez nada", disse Meira. "O apoio do governo federal sempre foi pífio nestas questões", completou o professor. "As intenções de fazer funcionar projetos como aquele são massacradas por algo como um rolo compressor, a pressão de empresas como a Microsoft", disse Meira em uma das palestras mais lotadas do FISL. "O apoio do governo federal sempre foi pífio nestas questões", declarou ainda Meira. "Parece que mesmo que o governo queira tais projetos, não os quer com força suficiente pois a pressão dos adversários é sempre maior", disse Meira. "O governo adiou a aprovação das regras de fabricação, que dariam isenção de impostos ao projeto por vários motivos diferentes", disse o professor.
Além do governo federal, outro grande culpado é o grupo de empresas de informática no Brasil. "Fomos até procurados por um grande fabricante de computadores brasileiro para fazer o computador popular", contou Meira. "Completamos o projeto, apresentamos a solução com software livre (mais barato) e a fabricação do PC nunca saiu das intenções", disse o professor. "Nos disseram posteriormente que o fabricante apenas usou a idéia do PC popular com Linux para pressionar a Microsoft a oferecer licenças mais baratas para sua linha de produtos já existente". "Aparentemente, levaram nosso projeto para a Microsoft e disseram que fariam o PC popular se as licenças do Windows não baixassem de preço, conseguiram o que queriam e continuaram usando produtos Microsoft", declarou Meira.
O projeto do PC popular com Linux chegou a ter também a possibilidade de rodar com Windows. "Mesmo assim queríamos que o Linux fosse o mais usado por ser sistema operacional livre então mesmo na solução de dual boot (que roda os dois sistemas) deixamos o Windows como boot remoto (2º sistema) para o usuário acostumar-se com um Linux mais rápido e com mais aplicativos", conta Meira.
Agora o projeto do PC popular está parado. Para ressuscitá-lo, "primeiro precisamos de apoio do governo que sem ele não dá para fazer nada, as empresas brasileiras também precisam estar interessadas", afirma Meira. Mas isso não basta.
"Quem tem que se mobilizar também é o usuário de tecnologia no Brasil", afirmou Meira. "O usuário de Linux teoricamente não pode declarar imposto de renda pois não existe versão para ele", disse Meira. "É preciso que os usuários se unam e exijam esse tipo de mudanças para que projetos como o PC popular voltem a funcionar", declarou o professor.