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Boliviano cria tradutor automático para a Internet
Segunda, 20 de maio de 2002, 15h31
Os internautas poderão escalar a "Torre de Babel" em que se converteu a rede mundial de computadores, na qual há conteúdo em pelo menos 65 idiomas, com o uso de um tradutor multilíngua automático inventado na Bolívia, o Atamiri. As virtudes do tradutor estão à prova no chat "qopuchawi", que significa comunicador na língua aymara (idioma indígena falado no Peru e na Bolívia). "Qopuchawi", no mesmo idioma, equivale a "lugar onde se conversa". O matemático boliviano Iván Guzmán de Rojas, de 68 anos, explicou os alcances de seu invento, que permite dialogar na rede em espanhol, francês, italiano, português, romeno e inglês, mas tem potencial para outros seis idiomas. O lançamento do programa na Web faz com que o Atamiri - concebido há duas décadas mas cujo desenvolvimento foi retardado por vários motivos - mostre seus benefícios para os internautas. O programa "qopuchawi" pode ser baixado gratuitamente no site www.atamiri.cc. O Atamiri usa uma matriz baseada em uma representação formal do aymara, e tem um grande futuro no mercado global de traduções porque permite a interconexão entre várias línguas. Diferentemente do tradutor Systran, usado na Europa, que trabalha com 16 línguas e permite a tradução de idiomas por pares, o invento boliviano pode traduzir vários idiomas por vez, reduzindo os custos de investimento.Para mostrar as diferenças entre os dois programas, Guzmán de Rojas assegura que sua criação oferece a tradução do italiano, francês e espanhol para o português, do sueco para o inglês e ainda tem o romeno, que não é encontrado no Systran. As outras línguas que o cientista boliviano está desenvolvendo com o "trabalho de formiga" de uma equipe, composta basicamente por sua mulher Gladys Dávalos e seu filho Marcel, são o sueco, o russo, o holandês, o húngaro, o alemão e o aymara. Elas deverão estar disponíveis no chat "qopuchawi" em dois meses. "Todo mundo pensava que o inglês fosse se converter na linguagem universal da Internet, mas isso não aconteceu, e o buscador Google tem um diretório de 65 línguas porque todas querem aparecer com identidade própria na rede", destaca Guzmán Rojas. Apesar de trabalhar no tradutor há 20 anos, Guzmán não pode explorá-lo por falta de dinheiro e também porque dedicou-se, na última década, a trabalhar na Corte Nacional Eleitoral (CNE) da Bolívia, da qual foi presidente. Agora, voltado novamente a seu invento, está decidido a lançá-lo no mercado global de tradução e confessou que, para isso, está buscando "quase desesperadamente" investidores bolivianos dispostos a financiar de início US$ 2 milhões, e logo mais, de US$ 4 a US$ 6 milhões. Ele considera o investimento pequeno para desenvolver um adequado nível lexográfico, permitindo até 80.000 entradas por língua, da dúzia de idiomas que planeja oferecer para traduções com 95% de qualidade. Cálculos de especialistas no setor destacam que o mercado de traduções através da Internet tem um potencial de US$ 4 bilhões anuais, cifra que, segundo Guzmán de Rojas, deveria estimular "qualquer investidor boliviano comn visão de negócios". Ele está empenhado em que o Atamiri seja lançado no mercado com selo boliviano, embora tenha consciência de que, se não encontrar um investidor local, deverá buscá-lo fora do país, correndo o risco de que o produto chegue ao mercado com uma marca transnacional.
EFE
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