O Afeganistão entrou oficialmente hoje na era da Internet com a inauguração de dois sites com o domínio .af, informou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).Trata-se de uma "ruptura com o passado" do Afeganistão, afirmou o PNUD, lembrando que no regime Talibã o acesso à internet era proibido com tanto rigor que quem mandasse um e-mail ou acessasse um site podia ser "condenado à execução".
Os dois primeiros sites inaugurados são os do Ministério das Comunicações e do PNUD. O organismo das Nações Unidas deu apoio técnico para a instalação da Internet no país.
O ministro das Comunicações, Mohamed Masun Stanakzai, considera que a entrada do Afeganistão na rede é "como conquistar parte de nossa soberania", de acordo com o comunicado do PNUD.
"É como fincar a nossa bandeira na Internet", disse o ministro, acrescentando que o desenvolvimento das telecomunicações no país é uma das prioridades do atual Governo de transição, liderado por Hamid Karzai.
O diretor do PNUD no Afeganistão, Ercan Murat, afirmou que "a ativação do domínio .af contribuirá para o desenvolvimento contínuo do país".
"Nós nos felicitamos por fazer parte desse processo de estabelecer pontes para superar o abismo que existia desde a época do Talibã", disse.
Durante o regime fundamentalista, um grupo de afegãos residentes no exterior já havia tentado registrar o domínio .af, o que lhes permitiu ter um controle efetivo até que, no final da década passada, a Autoridade para a Consignação de Números de Internet (IANA) decidiu deter a autorização de novos endereços.
Em 2001, as autoridades do regime talibã proibiram qualquer tipo de atividade não governamental na Internet, que ficou sob a vigilância do Ministério para a Virtude e a Prevenção do Vício.
Conforme as regras estabelecidas pelo Talibã, qualquer usuário da rede poderia ser submetido a "castigos religiosos".