Vide Bula coloca nariz de palhaço em George W. Bush
A Vide Bula fez protesto contra guerra, chamou Bush de palhaço e uniu punks e skinheads em sua coleção exibida na quarta-feira, no São Paulo Fashion Week. Sob o tema "Um inverno de todas as tribos", a abertura do desfile teve modelos raspando os cabelos numa clara campanha pela paz ao som de "I Have a Dream", de Martin Luther King, na passarela protegida por uma grade de metal como as usadas em eventos ao ar livre. Em seguida, "What a Wonderful World", na voz de Joey Ramone, deu lugar a moicanos e carecas. Os coturnos masculinos de várias fivelas se destacaram com bermudões jeans de barra desfiada e calças jeans cargo ou tradicionais - estas sempre com suspensórios caídos e as barras enroladas até o meio das pernas. As mulheres mostraram botas de couro de salto, cano alto e bico fino, além de coturnos com zíperes. Elas também apareceram vestindo calças jeans sequinhas ou cargo. As camisetas surgiram pichadas ou com dizeres como "Kennedy for President", "Otimismo" e "Preconception". Mas o auge do desfile foi quando os aplausos ecoaram para uma camiseta estampada com o rosto de George W. Bush com um nariz de palhaço. Elas vieram ainda de sainhas de tule, bermudões masculinos, minissaias jeans plissadas, moletons, tops de malha e vestidos jeans justinhos. Um vestido de cetim vermelho com renda preta e um outro de cetim preto inseriram sensualidade ao universo dos três acordes de bandas como The Stooges, com "I Wanna Be Your Dog", Me First and the Gimme Gimmes, com o cover de "Stand by Me", e Sid Vicious cantando "My Way". Para ambos os sexos, jaquetas, calças e bermudas camufladas e de estilo militar, além de macacões utilitários. Uma estampa colorida em que o logotipo da Vide Bula lembrava as letras da capa do primeiro disco dos Sex Pistols foi vista em calças masculinas e femininas, em jaquetas e saias. Para fechar a apresentação, músicas dos anos 1960 - representando o protesto pela paz que foi a bandeira da juventude daquela época - serviram de pano de fundo para os modelos formarem um círculo e darem as mãos, demonstrando que, enquanto se vive o suspense de uma nova guerra no Golfo, muitos, assim como Luther King, ainda sonham que o mundo "irá crescer e viver sob o verdadeiro significado de sua crença; nós guardamos esta verdade (...) todos os homens são iguais".
Reuters
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