Ataques nas escolas: como abordar o assunto com as crianças
A psicóloga e autora do livro "Socorro, tenho filhos" Carol Bitar dá orientações de como conversar com as crianças diante das ameaças de violência em escolas.
Acontecimentos recentes de ataques e ameaças em escolas têm deixado muitos pais e profissionais da educação bastante apavorados. E apesar de medidas preventivas estarem sendo adotadas em inúmeras instituições de ensino, muitos pais estão se sentindo inseguros e sem saber como abordar esse tema com os próprios filhos.
Episódios de violência ou tragédias são assuntos difíceis de serem abordados com crianças, podem também causar ansiedade e medo nos filhos de permanecerem nas escolas que deveriam ser consideradas ambiente seguro para eles.
Carol Bitar, psicóloga e também autora do livro "Socorro, tenho filhos", explica que o medo e a ansiedade são emoções naturais e importantes para nossa sobrevivência, porém quando são sentidas de maneira intensa e frequente podem gerar inúmeros prejuízos, inclusive o adoecimento mental na própria infância.
"Em razão desses trágicos episódios de violência em escolas, precisamos ter muito cuidado de como vamos orientar nossos filhos sem criar pânico e receio de permanecer nas instituições de ensino, para que este ambiente continue sendo um lugar saudável e acolhedor."
Falar ou não sobre os ataques?
Segundo Carol, vai depender da idade e perfil da criança, e ela diz: "Primeiro temos que avaliar qual o objetivo de transmitir essa notícia para criança. É para alertar? Para ensinar estratégias de proteção em situações de risco? Não precisamos compartilhar notícias de violência sem ter uma real finalidade, isso pode gerar medo intenso nas crianças e quebrar a confiança de que a escola é um lugar seguro de ficar."
A psicóloga destaca que crianças a partir dos 4 anos já começam a entender alguns acontecimentos, então é interessante os pais ficarem atentos se elas já tiveram acesso a algum conteúdo de notícias a respeito dos casos. Se sim, é interessante conversar com seu filho e entender o que a criança compreendeu sobre o fato, o que ele está pensando sobre isso, como ele está se sentindo e em seguida acalmá-lo para não gerar pânico ou emoções mais intensas.
E o cuidado tem que ser mais ainda se a criança já apresenta algum nível maior de ansiedade.
"Fale como você percebe a situação, que apesar de também ter ficado triste e com medo, você e a escola estarão sempre ali para protegê-lo e manter o local mais seguro possível. Que a escola continua sendo um lugar de proteção e cuidado. É importante também frisar para criança que no mundo apesar de ter algumas pessoas más, temos muito mais pessoas boas dispostas a fazer o bem."
E quando a criança apresentar muito medo?
A especialista explica que é preciso muito acolhimento com a criança.
"Devemos validar o que a criança está sentindo, nunca menosprezar suas emoções e pensamentos, mas ao mesmo tempo tranquilizá-las com exemplos concretos de segurança, mostrando para ela que existem portões, que os adultos estão ali para protegê-las, e mais que nunca todos estão atentos."
Caso esse medo prolongue ou a criança comece a apresentar comportamentos ansiosos como: choro frequente, dores de barriga ou cabeça, verbalização que está com muito medo, muita agitação, são alguns sinais de alerta para procurar um psicólogo para investigar e ajudá-lo nesse processo.
Informação de segurança
De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, o disque 100 receberá também denúncias de ataques em escolas. Para isso o denunciante precisa informar o local e informações sobre o suspeito. (https://www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura)
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