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Doria afasta mais 32 policiais no caso Paraisópolis

Governador atendeu a pedido das famílias das vítimas e 38 agentes ao todo atuarão somente em atividades administrativas até a conclusão das investigações. Ocorrência no fim de semana passado terminou com nove pessoas mortas

9 dez 2019 - 22h58
(atualizado em 10/12/2019 às 07h57)
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), atendeu a um pedido de parentes das vítimas pisoteadas em Paraisópolis e afastou mais 32 policiais militares que atuaram na ocorrência; seis agentes já haviam sido afastados no dia seguinte ao caso. Eles deverão passar a atuar exclusivamente em atividades administrativas até a conclusão das investigações. As famílias relataram receio de que os agentes prejudicassem as investigações e até mesmo se envolvessem em casos similares.

O governador João Doria recebeu familiares de vítimas da tragédia em Paraisópolis
O governador João Doria recebeu familiares de vítimas da tragédia em Paraisópolis
Foto: Divulgação/Governo de São Paulo / Estadão Conteúdo

A reunião com os parentes ocorreu nesta segunda-feira, 9, no Palácio dos Bandeirantes. O afastamento integrou uma série de reivindicações apresentadas pelas famílias. Danylo Amílcar, de 19 anos, irmão de Denys Henrique Quirino da Silva, morto em Paraisópolis, disse que o afastamento significa um avanço na luta por justiça. "Tínhamos medo de represálias e que eles interferissem nas provas do crime. O governador atendeu o nosso pedido porque entendeu que ele é justo, que não era uma exigência maluca", disse ao Estado na noite desta segunda.

Os 32 policiais fazem parte da tropa do 16.º Batalhão, que atua na área de Paraisópolis. As investigações são conduzidas pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Uma comissão externa formada por membros da sociedade civil já havia sido criada para acompanhar a investigação, o que também tinha sido um pedido das famílias.

Para as famílias, os policiais contribuíram diretamente com as mortes ao encurralarem os frequentadores do baile funk que ocorria na comunidade. Já os agentes falam que atuavam em uma perseguição a ocupantes de uma moto que efetuaram disparos contra eles e iniciaram a confusão ao entrar no evento. Em seguida, teriam realizado uma dispersão após viaturas terem sido depredadas. O advogado de parte dos policiais disse na semana passada que a ação evitou tragédia ainda maior.

Nesta segunda, os parentes apresentaram ao governador ainda o pedido para que o general João Camilo Pires de Campos, secretário da Segurança, realize uma audiência pública explicando a operação em Paraisópolis. Nela, o secretário responderia a questões da sociedade civil e de especialistas sobre o caso. Segundo Amílcar, Doria disse que veria a possibilidade de isso ocorrer.

Por fim, as famílias também pediram que as próximas ações da PM sejam precedidas por um diálogo com as comunidades envolvidas. "A comunidade tem medo da polícia, sempre teve. Uma das nossas reivindicações é que ocorra um diálogo para que o aconteceu no baile não se repita. Para que o Estado não chegue impondo violência", disse o jovem. Uma nova reunião começou a ser planejada, mas não foi definida uma data.

A procuradora-geral do Estado, Lia Porto Corona, participou do encontro desta segunda. "Foi uma reunião para escutar as famílias e mostrar a postura do Estado em relação a situação e ao que estamos fazendo. As palavras principais foram respeito, transparência e providência."

O governador João Doria não participou da entrevista coletiva que foi concedida após o encontro. Em nota, o governador disse reafirmar o "comprometimento do Governo de São Paulo para que as investigações das mortes sejam transparentes e rigorosas, com acompanhamento de órgãos independentes de fiscalização, como o Ministério Público e a Defensoria Pública".

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Estadão
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