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Política

Bolsonaro chama Dino de 'baleia' e diz ser alvo de maldade todos os dias ao falar de investigação

Ex-presidente afirmou também que aliados que votaram a favor da reforma tributária devem 'ser expurgados'

18 nov 2023 - 19h03
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Em um evento do PL Mulher, em Porto Alegre, neste sábado, 18, o ex-presidente Jair Bolsonaro chamou de "maldade" a investigação da Polícia Federal (PF) sobre suposta importunação dele contra uma baleia-jubarte, em São Sebastião, no Litoral de São Paulo. O inquérito foi aberto com base em vídeo que mostra um homem pilotando um jet ski e se aproximando do grande cetáceo, que pode atingir 15 metros de comprimento e pesar até 30 toneladas. A suspeita é de que o ex-presidente seria o condutor do veículo aquático que ficou próximo do mamífero.

Ao mencionar o inquérito durante o evento, Bolsonaro atacou o ministro da Justiça, Flávio Dino, chamando-o de "baleia". "Todo dia tem uma maldade em cima de mim. A de ontem foi que estou perseguindo baleias. A única baleia que não gosta de mim na Esplanada é aquela que está no Ministério", afirmou o ex-presidente, sem citar o nome de Dino. (assista ao trecho abaixo).

O ex-presidente fez referência ainda aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Segundo ele, o ministro o acusou de "querer dar um golpe", mas não apresentou as gravações de circuito de segurança do Ministério da Justiça à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), no Congresso Nacional, no fim de julho desta ano. Na ocasião, Dino alegou que os arquivos não podem ser divulgados para preservar as investigações criminais em andamento.

"É aquela que diz que eu queria dar um golpe no 8 de janeiro, mas aquela baleia some com os vídeos do seu Ministério. É a pessoa que pertence a um partido que detesta democracia. Só tem discurso, de prática não tem nada", afirmou o ex-presidente ao fim do evento no Rio Grande do Sul.

A apuração da PF sobre a ocorrência com a baleia-jubarte em São Sebastião se debruça sobre possíveis crimes previstos em lei que proíbe a pesca ou "molestamento intencional" de baleias. O Ministério Público Federal (MPF) acompanha a investigação.

Bolsonaro fala em expurgar aliados que votaram a favor da reforma tributária

O ex-presidente também aproveitou o evento para mandar "recado" para seus aliados no Congresso Nacional. Bolsonaro chamou de traição o voto favorável ao projeto da reforma tributária que foi aprovado no senado no início de novembro. O tema é de interesse do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Desde o primeiro momento, o nosso partido assumiu a posição. Que pese uma minoria ter se vendido. Se Jesus tinha 12, um traiu. Nós temos 99, uns 10 vão trair também. Mas lá na frente, a gente vai expurgando essas pessoas", afirmou neste sábado.

O ex-presidente articulou para tentar frustrar a votação da reforma no Senado, mas falhou. Ele reuniu senadores do PL para um jantar na sede do partido, em Brasília, para fechar questão para voto contrário à proposta, foi às redes para tentar transformar a matéria num tema de governo contra oposição e ainda — em uma revelação exclusiva do Estadão — tentou convencer um senador que já foi seu aliado a votar contra o tema.

"Trad, você amanhã será decisivo para derrotarmos a reforma tributária", disse o contato "JMB" — mesmas iniciais do nome completo de Jair Messias Bolsonaro — em uma mensagem flagrada pelo Estadão no celular do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), cujo partido é da base do governo. Trad, que respondeu a mensagem chamando o contato de "presidente", votou a favor da proposta e pediu a compreensão de Bolsonaro pela posição tomada.

Outro "traidor" seria o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, se elegeu governador como candidato do ex-presidente e apoiou a reforma desde o começo da tramitação, chegando a tentar persuadir o antigo chefe a acompanhá-lo.

Como mostrado pelo Estadão, a relação está estremecida entre os dois. Bolsonaro disse, na última quinta-feira, que 'não está tudo certo' com Tarcísio e criticou a postura política do governador.

Estadão
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