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Política

Bolsonaro e aliados são investigados por núcleos de desinformação, incitação ao golpe e inteligência paralela

Jair Bolsonaro e aliados são alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira, 8; confira detalhes

8 fev 2024 - 11h50
(atualizado às 15h22)
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Bolsonaro teve seu passaporte confiscado pela PF
Bolsonaro teve seu passaporte confiscado pela PF
Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

Jair Bolsonaro e aliados, alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na manhã desta quinta-feira, 8, pela Polícia Federal (PF), são acusados de atuarem em seis núcleos para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral, planejar a execução de um golpe de Estado e agir de forma antidemocrática, para a permanência do grupo no poder. 

Entenda quais são estes núcleos investigados pela PF e quem estava envolvido em cada um deles, de acordo com informações de documentos que embasam a operação, obtidos pelo Terra:

  • 1. Núcleo de desinformação e ataques ao Sistema Eleitoral

Grupo que esteve à frente da produção, divulgação e amplificação de notícias falsas sobre fraudes eleitorais nas eleições presidenciais de 2022. 

A finalidade das ações seria a de estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas. A movimentação tinha o “intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado”, complementa a PF.

Estão sendo investigados por envolvimento:

Mauro Cesar Barbosa Cid - Tenente-coronel;

Anderson Torres -  Delegado da PF e ex-ministro da Justiça;

Angelo Martins Denicoli - Major da reserva;

Fernando Cerimedo - Empresário argentino

Eder Lindsay Magalhães Balbino - Empresário sócio da Gaio Innotech Ltda, empresa de tecnologia da informação sediada em Uberlândia;

Hélio Ferreira Lima - Tenente-coronel;

Guilherme Marques Almeida -  Tenente-Coronel então no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter);

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros - Coronel;

Tércio Arnaud Tomaz - Ex-assessor de Bolsonaro, conhecido como um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;

  • 2. Núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado

Nesta frente eram eleitos alvos que poderiam amplificar ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investidas golpistas. Esses ataques eram feitos e difundidos em múltiplos canais e por meio de influenciadores acompanhados pela bolha militar.

Estão sendo investigados por envolvimento: 

Walter Souza Braga Netto - Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;

Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho -  Ex-ministro da Defesa;

Ailton Gonçalves Moraes Barros - Coronel reformado do Exército;

Bernardo Romão Correa Neto - Coronel do Exército.

Mauro Cesar Barbosa Cid - Tenente-coronel.

  • 3. Núcleo Jurídico

Este núcleo, conforme aponta a PF, assessorava e elaborava minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado.

Estão sendo investigados por envolvimento:

Filipe Garcia Martins Pereira - Ex-assessor especial de Bolsonaro; 

Anderson Gustavo Torres -  Delegado da PF e ex-ministro da Justiça;

Amauri Feres Saad - Advogado apontado como mentor intelectual da minuta golpista apresentada a Bolsonaro;

Jose Eduardo de Oliveira e Silva - padre de Osasco, na grande São Paulo;

Mauro Cesar Barbosa Cid - Tenente-coronel.

  • 4. Núcleo operacional de apoio às ações golpistas

Coordenados por Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, este grupo atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas para manter as manifestações em frente aos quartéis. Eles organizavam a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília.

Estão sendo investigados por envolvimento:

Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros - Coronel;

Bernardo Romão Correa Neto - Coronel do Exército;

Hélio Ferreira Lima - Tenente-coronel;

Rafael Martins De Oliveira - Major das Forças Especiais do Exército;

Alex de Araújo Rodrigues;

Cleverson Ney Magalhães - Coronel de Infantaria lotado no Comando de Operações Terrestres (Coter).

  • 5. Núcleo de Inteligência Paralela

Este grupo era responsável pela coleta de dados e informações que pudessem auxiliar nas decisões do então presidente Jair Bolsonaro para a consumação de um suposto golpe de estado. 

De forma ilegal, os envolvidos monitoravam itinerários, deslocamento e a localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e de possíveis outras autoridades da República. 

Estão sendo investigados por envolvimento: 

Augusto Heleno Ribeiro Pereira - Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);

Marcelo Costa Camara - Coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família do ex-presidente;

Mauro Cesar Barbosa Cid - Tenente-coronel.

  • 6. Núcleo de oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos

Neste caso, oficiais com alta patente militar agiam para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos citados anteriormente. Eles atuavam endossando ações e medidas que seriam adotadas para consumação de um golpe de estado.

Estão sendo investigados por envolvimento:

Walter Souza Braga Netto -  Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil;

Almir Garnier Santos - Ex-comandante-geral da Marinha;

Mario Fernandes - General, ex-Chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República;

Estevam Theophilo Gaspar De Oliveira -  Ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;

Laércio Vergílio - General de Brigada reformado;

Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira -  Ex-ministro da Defesa.

A investigação

A operação batizada de Tempus Veritatis investiga organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder.

São cinco crimes principais que movem a investigação, segundo documentos da PF:

• Ataques virtuais a opositores;

• Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral;

• Tentativa de golpe de estado e de abolição violenta do estado democrático de direito;

• Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia e;

• Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens como: o uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina; e o desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-Presidente da República, Jair Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito.

Conforme apuração do Terra, a operação gerou quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas de prisão – que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. O passaporte de Jair Bolsonaro já foi confiscado pela PF.

Até o momento, foram presos Filipe Martins, Marcelo Câmara, Rafael Martins e Bernardo Romão Corrêa Netto (mandado ainda não cumprido, já que o alvo está nos Estados Unidos).

Fonte: Redação Terra
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