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Política

Dados do celular de Bolsonaro podem ser usados como provas em outros inquéritos

Agentes da Polícia Federal fizeram buscas na casa do ex-presidente e recolheram seu celular

4 mai 2023 - 07h11
(atualizado às 10h29)
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O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro deixa sua casa após uma operação de busca, em Brasília, Brasil, 3 de maio de 2023.
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro deixa sua casa após uma operação de busca, em Brasília, Brasil, 3 de maio de 2023.
Foto: Reuters/Adriano Machado

Informações extraídas do celular de Jair Bolsonaro, apreendido na manhã desta quarta-feira, 3, pela Polícia Federal, no âmbito de investigação sobre suposta fraude no cartão de vacinação do ex-presidente, podem ser usadas como provas em outros inquéritos em andamento. A apreensão do aparelho ocorreu durante a Operação Venire, da PF, que prendeu preventivamente o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Os agentes fizeram buscas na casa do ex-presidente e recolheram seu celular.

Segundo a advogada Jacqueline Valles - mestre em Direito -, quando é cumprido um mandado de busca e apreensão, ele delimita os objetos a serem confiscados.

"A lei determina que sejam especificados no mandado o que se busca. E se o material apreendido legalmente contiver indícios de outros crimes, eles podem, sim, ser usados em outras investigações", afirma Jacqueline Valles.

Em sua avaliação, se a PF encontrar no celular de Bolsonaro informações que o vinculem a outros crimes investigados, 'a prova é válida, sim'.

Na operação desta quarta, a PF prendeu, além do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, o PM Max Guilherme Machado de Moura, o capitão da reserva Sérgio Rocha Cordeiro, o coronel do Exército Marcelo Costa Câmara, o ex-major Ailton Gonçalves Moraes Barros e o secretário municipal de Saúde de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha. Todos estão supostamente ligados a um esquema de adulteração do cartão de vacinação de Bolsonaro contra a covid-19.

A advogada explica que existe um princípio no Direito que permite, ainda, usar provas obtidas nessa investigação para iniciar outras investigações.

"A Teoria da Serendipidade é muito aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça na legalidade do encontro de provas de crimes diferentes aos que se investiga", assinala a jurista.

Segundo ela, 'isso é muito comum nas interceptações telefônicas'.

"A polícia está investigando, por exemplo, um crime de tráfico e descobre, por meio daquelas escutas, outros crimes. Segundo essa teoria, caso a polícia descubra novos crimes ao analisar o conteúdo do celular, isso também pode motivar a abertura de novos inquéritos policiais", destaca Jacqueline.

Estadão
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