Empresário bolsonarista diz à CPI que se arrependeu de ter ido ao ato de 8 de janeiro
CPI da Câmara Legislativa do DF, que investiga os atos antidemocráticos, ouviu o empresário; ele nega ter financiado manifestações
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, que investiga os atos antidemocráticos, ouviu o empresário bolsonarista Joveci Xavier de Andrade na manhã desta quinta-feira, 13. Ele, que é sócio de quatro empresas e esteve nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, alegou não ter ajudado a financiar as manifestações.
Segundo a Câmara, o comerciante acionou a Justiça e conseguiu um habeas corpus que garantiu a ele o direito de permanecer em silêncio e de não ser submetido ao juramento de dizer a verdade, além de ter o acompanhamento de seus advogados.
No início do depoimento, o empresário foi questionado pelo deputado Chico Vigilante (PT) se participou de atos e manifestações. “Eu não participei”, afirmou inicialmente. No entanto, em seguida, foi exibida uma foto dele na manifestação. Então, o empresário admitiu. “Ir lá, eu fui. Eu entendi o participar de forma diferente”, se retratou.
Joveci alegou que não patrocinou alimentação, trio elétrico, outdoors ou faixas de protesto para as manifestações do dia 8 de janeiro. “Não tenho conhecimento de como eles se sustentavam. Minha empresa não compactua. Lá, só sai mercadoria paga”, afirmou o empresário.
“Que eu me recorde, não participei de vaquinha e não doei mercadoria. É difícil tirar dinheiro de comerciante”, acrescentou. Depois, ao ser questionado sobre possíveis ações do seu sócio, afirmou: “Não posso responder por meu sócio, Adauto, enquanto pessoa física”, disse.
Segundo o empresário, ele é sócio de empresas que geram cerca de mil postos de trabalho. São elas: Melhor Atacadista, supermercado com oito lojas no DF, Garra Distribuição, empresa do ramo de alimentos, e Canal Distribuição e Marcas Premium, que atua no setor de frutas secas e castanha.
"Não deveria ter ido"
Em outro momento do depoimento, o empresário demonstrou arrependimento por ter ido ao ato de 8 de janeiro. "Fui [ao ato] naquela euforia. Confesso que não deveria ter ido. Deu muito errado. Eu jamais imaginava aquilo. Em qual País, isso deu certo? Destruir Congresso, Senado, Supremo, isso só ia aumentar a nossa conta. Destrói tudo e agora volta o Bolsonaro? Então assim, é de uma estupidez muito grande", declarou ele em outro momento.
Joveci disse que esteve em algumas ocasiões no Quartel-General. “Estive no acampamento no máximo três vezes. Era um ambiente que eu senti que tinha o controle do quartel. Eu como empresário me senti seguro lá. Era como se fosse a segurança do quartel”, afirmou.
O empresário admitiu ter ido à Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. “No dia 8, cheguei à manifestação depois de 16h e não invadi nenhum prédio. Quando cheguei lá, vi que a coisa estava feia e tudo já estava destruído. Não entrei em prédios públicos. Só me aproximei do Palácio do Planalto. É de uma estupidez sem tamanho aqueles atos que quebraram, puseram fogo, roubaram as peças. Não tenho dúvida nenhuma que as pessoas que fizeram isso merecem estar presas”, alegou.
O empresário também afirmou "crer na democracia e nas urnas" e disse "defender o direito de manifestação". “Acredito nas urnas eletrônicas, sou um democrata e até já votei no presidente Lula em outras eleições. Todo cidadão tem o direito de se manifestar e pedir a saída de um governante. Qualquer cidadão, inclusive eu, tem o direito de sair aqui com uma faixa dizendo ‘Fora Lula’, é um direito meu", afirmou.
Em seguida, ele acrescentou: "Mas é impossível não reconhecer o governo, não reconhecer o presidente. Hoje nosso presidente é Lula, e tenho que torcer para ele fazer um bom governo porque se o Brasil quebra, eu quebro, tenho quatro empresas e dependo disso”.