Pode - mas só por algum tempo e em circunstâncias muito especiais. O exemplo é Mike, um galo que ficou famoso justamente por ter vivido um ano e meio depois de lhe cortarem a cabeça. O fato aconteceu em setembro de 1945, na cidade de Fruita, no Colorado (Estados Unidos). O fazendeiro Lloyd Olsen cortou o pescoço da ave a pedido da mulher, que queria prepará-la para o jantar. Mas o frango continuou vivo. Olsen o alimentava com um conta-gotas, dando-lhe milho e água diretamente na abertura do pescoço.
Mike foi tema de reportagens da Life e da Time e viajou pelos Estados Unidos sendo exibido pelo dono como The Headless Wonder Chicken. As pessoas pagavam para vê-lo andar enquanto sua cabeça era exibida dentro de um vidro com formol. Cientistas da Universidade de Utah, em Salt Lake City, depois de estudarem Mike, concluíram que o corte - muito mal feito - poupara a jugular e a maior parte do tronco cerebral e massa encefálica. Assim, o galo continuou vivo por mais um ano e meio - e até engordou: em pouco meses, passou do 1,5 kg inicial para 3,5 kg.
De acordo com notícia publicada no jornal El Mundo, Mike morreu num quarto de motel no Arizona. Na época da reportagem, o jornal ouviu um especialista: afinal, um frango pode viver sem cabeça? "Pode viver se o corte não prejudica o tronco cerebral, ainda que olhos, bico, lígua e ouvidos sejam destruídos, e se o corte afetar apenas os vasos secundários", disse Indalecio Ruiz Calatrava, professor de veterinária da Universidade de Córdoba. "Assim, a hemorragia pode cessar, e se o animal for alimentado manualmente, poderia viver por algum tempo, sim".
Mike virou uma lenda, tem estátua em sua homenagem na cidade e seu "espírito de luta" é celebrado anualmente em Fruita, na terceira semana de maio, com um festival. Mike tem, inclusive, um site: www.miketheheadlesschicken.org/