Desde 1901, um grupo seleto de pessoas recebe aquele que se tornou uma das distinções mais valorizadas nos dias de hoje: o Prêmio Nobel.
A premiação, concedida por méritos, já foi dada 817 vezes a indivíduos e 23, a organizações. Pouquíssimos ganharam mais de uma vez - no total, foram 813 pessoas e 20 entidades.
E quando a organização entende que não há casos dignos de serem premiados, a honraria não é entregue.
O Nobel da Paz, por exemplo, já ficou sem vencedor por 20 anos, especialmente nos períodos da 1ª e da 2ª Guerra Mundial. Já o prêmio de Ciência Econômicas foi concedido todos os anos desde que foi criado pelo banco central da Suécia, em 1968.
Confira a seguir algumas curiosidades sobre o Prêmio Nobel.
Cientista, inventor, empreendedor, autor e pacifista, Alfred Nobel nasceu em Estocolmo, capital da Suécia, em 1833. Além de se dedicar a estudos científicos, ele era fluente em diversos idiomas e escrevia poesia. Entre suas conquistas, estão experimentos com nitroglicerina. Ele obteve a primeira patente de um explosivo com nitroglicerina, bem como de um detonador.
Também envolvido nas experiências, o irmão de Alfred morreu em uma explosão de nitroglicerina em 1864, mas isso não impediu Alfred de seguir no negócio. Ele abriu uma fábrica de explosivos na Alemanha, que lhe rendeu enormes lucros antes de ser destruída por uma explosão dois anos depois de ser inaugurada.
Mas tampouco este acidente desanimou o empreendedor, que inventou a dinamite e aumentou sua riqueza com a industrialização do produto. Alfred morreu em casa em 1896, na Itália, e deixou a maior parte de sua fortuna para ser usada na criação dos prêmios Nobel.
Os comitês de cada categoria enviam cartas a milhares de professores, cientistas e acadêmicos de diversos países, pedindo indicações de concorrentes ao prêmio. Entre 200 e 300 nomes são indicados por ano, muitas pessoas sendo indicadas mais de uma vez.
Apesar dos critérios variarem para cada categoria, em nenhuma delas as pessoas podem indicar a si mesmas. E após a decisão final, apenas o ganhador será conhecido no momento do anúncio do prêmio. Os indicados que não receberam a láurea só podem ser divulgados 50 anos depois da indicação.
Desde 1974, não se concedem mais prêmios póstumos. Antes desta data, apenas dois prêmios foram concedidos a pessoas já falecidas. Depois de 1974, somente William Vickrey foi premiado após a morte, mas por ter morrido dias depois de anunciada sua vitória.
Lawrence Bragg tinha apenas 25 anos quando foi agraciado com o Nobel. Ele recebeu o prêmio em conjunto com Sir William Henry Bragg, seu pai, com quem estudou o efeito de difração por cristais nos raios-X. Os dois descobriram uma lei da física que explica porque os raios-X mudam de rota ao colidir com um único cristal. A descoberta lhes valeu o Nobel de Física em 1915.
Já Leonid Hurwicz foi o homem mais velho a ser premiado. Aos 90 anos, em 2007, ele recebeu o prêmio de Ciências Econômicas. Ao lado de dois colegas de profissão, ele ajudou a criar as bases da Teoria de Projeto de Mecanismo, que estrutura relações de compra e venda dentro de empresas.
O escritor francês Jean-Paul Sartre, conhecido por manifestações existencialistas, recusou o Nobel de Literatura em 1964. Sartre, aliás, recusou todos os prêmios oficiais que lhe foram oferecidos durante a vida – ele morreu em 1980. A escolha de seu nome se deu pelo "trabalho que, rico em ideias e repletos de espírito de liberdade e busca pela verdade, exerceu uma forte influência nos nossos tempos".
Em 1973, o vietnamita Le Duc Tho foi nomeado ao lado de Henry Kissinger, secretário de Estado dos Estados Unidos, como ganhador do Nobel da Paz. Ambos foram os principais negociadores do fim da Guerra do Vietnã, mas Tho recusou o prêmio ao afirmar que a situação em seu país não era pacífica.
Três alemães foram proibidos por Adolf Hitler de receber o prêmio Nobel. Richard Kuhn, que seria Nobel em Química por seus trabalhos com carotenoides e vitaminas, Adolf Butenandt, indicado ao Nobel em Química por seu trabalho sobre hormônios sexuais, e Gerhard Domagk, que foi o escolhido para o Nobel em Medicina por estudar os efeitos do prontosil, não tiveram permissão do regime nazista para aceitar o prêmio.
Já o autor do livro “Doutor Jivago”, Boris Pasternak, teve que recusar o Nobel de Literatura em 1958 por imposição do regime soviético. Os quatro quase-ganhadores receberam, posteriormente, medalhas e menções honrosas, mas nunca puseram as mãos no prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,5 milhão).
Albert Einstein, hoje reconhecido mundialmente como um dos maiores cientistas de todos os tempos, passou quase 10 anos trabalhando no arquivo da agência reguladora de patentes da Suíça depois de ganhar o diploma em Física e não encontrar emprego.
Mas o emprego burocrático acabou lhe garantindo suficiente tempo livre para desenvolver boa parte de suas teorias científicas.
E apesar da Teoria da Relatividade, publicada em 1905, ser seu trabalho mais famoso, não foi ela que lhe garantiu um Prêmio Nobel. Por pressão do regime nazista, Einstein teve o prêmio negado mesmo sendo indicado por anos seguidos. Apenas em 1921 ele recebeu o Nobel pelos estudos sobre o efeito fotoelétrico.
Mesmo reconhecido mundialmente como um símbolo de paz e de resistência sem violência, Mahatma Gandhi nunca recebeu o Nobel, apenas indicações, e não foi por falta de oportunidade.
Entre 1937 e 1948, Gandhi recebeu 12 indicações à láurea. Mas o indiano não recebeu o prêmio provavelmente por destoar muito dos padrões anteriores de premiados: ele não era europeu, nem americano, nem um político de carreira, nem pertencia a alguma organização oficial.
Sabe-se que, em 1948, o comitê do Nobel considerou dar a Gandhi um prêmio póstumo, mas a decisão final foi a de não conceder o Nobel a ninguém naquele ano.
Muitos acreditam que foi uma forma de deixar o lugar que seria de Gandhi respeitosamente desocupado.
Nenhuma família recebeu mais prêmios Nobel do que a família da cientista Marie Curie: três no total. Ela mesma é a única mulher até hoje a ter recebido dois prêmios, um de Física, em 1903 - dividido com seu colega pesquisador (e marido) Pierre Curie -, e um em Química, em 1911.
A filha do casal, Irène Joliot-Curie, seguiu os passos dos pais e ganhou o Nobel de Química em 1935 ao lado do marido Frédéric Joliot-Curie.
Enquanto o casal Curie ganhou o prêmio por estudos sobre a radiação, Marie ganhou sozinha pela descoberta dos elementos radioativos polônio e rádio. Já Irène e seu marido foram laureados por sintetizar novos elementos radioativos.