'Calor de campanha', diz Nunes sobre atrito entre Silas Malafaia e Jair Bolsonaro
Pastor disse que Bolsonaro se omitiu e foi "covarde", por ter tido medo de ser derrotado por Marçal, caso ele fosse eleito; entenda
Durante caminhada pelo Jabaquara, ao lado do terminal rodoviário, na zona sul de São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputa o segundo turno das eleições com Guilherme Boulos (PSOL), disse acreditar que o atrito entre o pastor Silas Malafaia e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é uma questão de “calor de campanha” e ressaltou que os dois são amigos há muitos anos.
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Bolsonaro deixou de responder várias mensagens de WhatsApp enviadas a ele pelo pastor, considerado uma das maiores vozes do bolsonarismo. O vácuo acontece depois de críticas que o pastor fez ao ex-presidente em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Na entrevista, o pastor disse que Bolsonaro se omitiu e foi "covarde", por ter tido medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB) em São Paulo, caso o ex-coach fosse eleito prefeito. Bolsonaro apoiou a campanha de Nunes, com quem tem uma aliança e indicou um vice à chapa. Mesmo exposto e provocado, o ex-presidente evitou rebater Malafaia.
“Eles são amigos há tantos anos… Eu não vou interferir na relação de amizade deles. É calor de campanha. Eu tenho uma relação com o Bolsonaro, que é recente, e com o pastor Silas Malafaia [a relação] é muito pouca, admiro o trabalho dele”, disse o atual prefeito. "Para eu comentar algo que o Silas falou nem é bacana da minha parte".
Questionado pela imprensa sobre como será a participação de Bolsonaro em sua campanha daqui pra frente, Nunes disse ter conversado ontem com o ex-presidente e que ele disse estar à disposição de ajuda. “É só uma questão de ajuste de agenda”, complementou.
Ainda segundo Nunes, seu objetivo não é nacionalizar a campanha eleitoral para o segundo turno do pleito na cidade de São Paulo.
Criticas a Boulos e eleitores de Marçal
Nunes voltou a apostar na falta de "experiência em gestão pública" de Guilherme Boulos (PSOL), adversário do emedebista no pleito pela prefeitura da capital paulistana, em sua campanha.
"Ele [Boulos] nunca teve experiência de vida de nada, a não ser fazer gestão de invasão e em ficar negando. O tempo inteiro, ele nega aquilo que foi a vida toda", disse o atual prefeito. Boulos disputou a Presidência do Brasil em 2018 e a Prefeitura de São Paulo em 2020. Dois anos depois, o psolista foi eleito deputado federal.
A estratégia da campanha de Nunes é 'reforçar' a falta de experiência do adversário. "Vamos focar em pontos primordiais para ajudar o eleitor a tomar a sua decisão. Ninguém vai querer trocar alguém que tem experiência por alguém que não tem experiência. Ninguém vai querer trocar alguém centrado por alguém que é extremista. Então, esses pontos que a gente vai reforçar para o eleitor", explicou.
O candidato à reeleição também respondeu à crítica de Boulos de que ele estaria fugindo dos debates. Para ele, a quantidade de debates realizados no primeiro turno foi excessiva. Para o novo ciclo da disputa, ele espera 'razoabilidade'. "É preciso ter razoabilidade. Como você vai ter, em 15 dias, 12 debates? É humanamente impossível e não é produtivo. Vai ajudar o quê?", questionou Nunes.
Em outro trecho da coletiva, Nunes voltou a chamar a ideologia do adversário de extrema-esquerda, ainda que Boulos não defenda, por exemplo, a derrubada do Estado democrático. O reforço às diferenças ideológicas entre Nunes e Boulos demonstra também o esforço para atrair o eleitorado de Pablo Marçal (PRTB).
"Eu quero chamar os eleitores do Marçal para somar a nós para vencermos a extrema-esquerda", iniciou. Nunes voltou a ressaltar que muitas das propostas do ex-coach já foram adotadas em sua gestão. Ele, no entanto, também revelou que pretende ampliar os programas ligados ao empreendedorismo e voltou a reforçar o seu alinhamento ideológico na tentativa de atrair os eleitores que declaram voto ao candidato do PRTB. "Se for pela questão ideológica, de direita, vem com a gente, porque eu defendo tudo aquilo. Temos os mesmos princípios: pátria, a defesa da família, [sou] contra o aborto, contra a liberação de drogas", finalizou.
Ricardo Nunes já havia descartado um possível apoio de Marçal. Em seu primeiro evento de campanha para o segundo turno, realizado na segunda-feira, 7, ele foi taxativo. "Não vou procurar [Marçal]. Se for procurado, eu vou dizer a ele que espero que tenha aprendido com os erros, que ele possa fazer uma boa reflexão de tudo aquilo que cometeu, que ele siga o caminho dele e eu o meu", disse. Ao ser questionado se Marçal estaria em seu palanque, Nunes rapidamente descartou a possibilidade. "Não vai. No meu palanque não", afirmou enfaticamente.