Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Guilherme Mazieiro

PF diz que Ramagem usou Abin para fazer espionagem ilegal a favor de família Bolsonaro

Operação cumpriu busca e apreensão em endereços de aliado de Jair Bolsonaro e ex-chefe da agência de inteligência

25 jan 2024 - 15h03
(atualizado às 15h41)
Compartilhar
Exibir comentários
Ramagem é apoiado pelo ex-presidente para se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro neste ano
Ramagem é apoiado pelo ex-presidente para se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro neste ano
Foto: Reprodução/Instagram/@delegadoramagem

A investigação da Polícia Federal (PF) indica que o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) usou a estrutura do órgão para fazer espionagens ilegais que favoreceriam a família do ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar foi alvo de busca e apreensão em operação nesta quinta, 25. A medida foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Na decisão, o ministro listou os casos em que teria ocorrido práticas ilícitas, entre eles dois em que teria favorecimento a dois filhos de Jair Bolsonaro, Flávio e Jair Renan. A medida judicial foi tornada pública no início da tarde desta quinta, após a operação já ter ido às ruas.

"Os policiais federais destacados [que atuavam na Abin], sob a direção de ALEXANDRE RAMAGEM, utilizaram das ferramentas e serviços da ABIN para serviços e contrainteligência ilícitos e para interferir em diversas investigações da Polícia Federal, como por exemplo, para tentar fazer prova a favor de RENAN BOLSONARO, filho do então Presidente JAIR BOLSONARO", escreveu o magistrado.

Outro caso em que teria havido interferência foi para "utilização da ABIN para fins ilícitos é, novamente, apontada pela Polícia Federal e confirmada na investigação quando demonstra a preparação de relatórios para defesa do Senador FLÁVIO BOLSONARO":

No caso de Jair Renan, segundo a PF,  membros da Abin teriam agido para produzir provas que contariassem informações de uma investigação da Polícia Federal. A investigação, aberta em 2021, indicava que por "suposto tráfico de influência" de Jair Renan, ele teria recebido um "veículo elétrico para beneficiar empresários do ramo de exploração minerária". A Abin, segundo a investigação da PF, buscou produzir provas que comprovassem que o carro não pertencia ao filho do presidente, mas que estava em posse "de um dos principais investigados - sócio de Renan Bolsonaro". À época da divulgação da investigação de tráfico de influência, Jair Renan negou irregularidades.

Outro caso envolvendo o clã diz respeito ao senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o filho 01. Segundo a PF, a Abin ajudou a produzir relatórios que auziliassem a defesa do político no caso das "rachadinhas" - prática em que funcionários públicos devolvem parte do seu salário ao político.

Além desses casos, a PF aponta que a Abin foi utilizada, ilegalmente, para espionar outras autoridades e situações, tais como:

  • Monitoramento governador Camilo Santana (PT-CE), hoje ministro da Educação.
  • Vigilância do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e da ex-deputadaJoice Hasselmann determinada pelo delegado Alexandre Ramagem
  • Uso do sistema da Abin para ataque às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral
  • Caminhoneiros
  • Processo de mapeamento de ferramentas da ABIN
  • Impressão currículo Promotora GAECO - Marielle Franco

Em nota, o senador Flávio Bolsonaro disse que a operação desta quinta "é um completo absurdo e mais uma tentativa de criar falsas narrativas para atacar o sobrenome Bolsonaro". Sobre o caso das rachadinhas, ele sempre negou irregularidades e crimes. A coluna procurou a assessoria de Ramagem sobre a operação, mas ainda não houve manifestação. Caso o parlamentar se manifeste, o conteúdo será atualizado.

Fonte: Guilherme Mazieiro Guilherme Mazieiro é repórter e cobre política em Brasília (DF). Já trabalhou nas redações de O Estado de S. Paulo, EPTV/Globo Campinas, UOL e The Intercept Brasil. Formado em jornalismo na Puc-Campinas, com especialização em Gestão Pública e Governo na Unicamp. As opiniões do colunista não representam a visão do Terra. 
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade