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Políticos alemães exigem combate a bots das redes sociais

16 dez 2018 - 18h26
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Miniprogramas que simulam comunicação humana já contam entre as forças que podem influenciar debates políticos e definir o resultado de eleições. Parlamentares exigem medidas para fazer frente a seu "poder monstruoso".Durante o recente debate sobre o Pacto Global para Migração da Organização das Nações Unidas, diversos parlamentares alemães foram inundados com mensagens eletrônicad, no que parecia ser o trabalho de bots das redes sociais.

"Gerador aleatório de usuários" cria perfis falsos
"Gerador aleatório de usuários" cria perfis falsos
Foto: DW / Deutsche Welle

Os e-mails "tinham muitas vezes os mesmos blocos de texto, disse o chefe da bancada conservadora do Parlamento alemão, Ralph Brinkhaus, em entrevista publicada neste domingo (16/12) pelo jornal Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung.

"Mas, acima de tudo, essa onda de inverdades e difamação foi desencadeada online e na mídia social", o que o leva a propor uma série de medidas para combater a desinformação.

Um bot é um programa automatizado que simula a comunicação de usuários reais, nas redes sociais. Os elementos informáticos podem ser programados para curtir, partilhar e até postar comentários sobre temas específicos, criando a ilusão de que o conteúdo é popular ou debatido acaloradamente.

Com frequência, bots são utilizados comercialmente, com o fim de tornar anúncios ou marcas mais visíveis, ou simplesmente para inflacionar o número de seguidores. Na Alemanha, é possível comprar mil seguidores falsos por menos de 10 euros.

No entanto, certos partidos políticos e organizações também os usam para fazer avançar suas agendas. Em seguida ao debate na Alemanha sobre o Pacto para Migração da ONU, a startup Botswatch, de Berlim, descobriu que 28% de todos os tuítes postados sobre o tópico partiram de bots.

Os bots podem interagir entre si, simulando discussão e influenciando a opinião dos usuários humanos. Por vezes são programados para descurtir certos comentários, ou para enviar mensagens particulares de ódio a seus autores. E também se empregam trolls humanos com o mesmo propósito.

Segundo Ralph Brinkhaus, da União Democrata Cristã (CDU), essas campanhas estão agora aptas a exercer um "poder monstruoso": elas interferem com elementos-chave da democracia, como a livre formação de opinião, podendo desviar votos cruciais para um lado da discussão, alerta.

"Os resultados de eleições costumam ser apertados. Assim foi na eleição presidencial americana [de 2016] e também com o Brexit." Com a votação para o Parlamento Europeu marcada para 2019, assim como quatro eleições estaduais na Alemanha, "é mais do que hora de acordar" para a influência dos bots, insiste o chefe de bancada.

Segundo Brinkhaus, há bastante tempo os conservadores alemães vêm estudando a possibilidade de forçar plataformas de mídia social a marcar as contas de bots, assim como mensagens individuais enviadas por rotinas informáticas automatizadas.

Parece haver unanimidade entre os políticos do país quanto à necessidade de ação. O parceiro de coalizão governamental da CDU, o Partido Social-Democrata (SPD), de centro-esquerda, apoia a ideia de rotular as contas de bots. Os infratores seriam sancionados e possivelmente forçados a pagar multas, sugeriu ao Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung o porta-voz da legenda para assuntos digitais, Jens Zimmermann.

Do ponto de vista do oposicionista Partido Verde, é o governo federal que deve assumir a responsabilidade de resolver a questão: "Todo mundo tem o direito de saber se está se comunicando com um ser humano ou com uma máquina", reivindicou Tabea Rössner, encarregada de políticas digitais.

No início de dezembro, a Comissão Europeia publicou um plano de ação contra a desinformação, incluindo um "sistema de alerta rápido" para marcar mensagens maliciosas. A União Europeia igualmente incrementou de 1,9 milhão para 5 milhões de euros o financiamento de um grupo antidesinformação.

AV/afp,dpa

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