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GOLPE BAIXO
Viagra deixa atores pornô sem emprego

Sexta, 05 de julho de 2002, 17h42


O ator pornô norte-americano Kyle Stone promete processar o laboratório Pfizer, fabricante do Viagra, por deixá-lo sem emprego. "Assim que puder acionar os fabricantes do Viagra, vou fazê-lo, porque tive uma grande carreira antes dele. Quase me arruinam", protesta o jovem ator.

"Com o Viagra há alguns anos, vieram todos estes lindos `garotões Viagra´ e de repente meu trabalho se reduziu pela metade. Meu telefone deixou de tocar", lamenta.

Stone, 38 anos, que trabalha há dez anos na capital mundial da pornografia – o subúrbio de Chatsworth em Los Angeles – era um dos 20 ou 30 seletos atores que dominavam esta lucrativa indústria. Em um negócio multimilionário no qual as estrelas femininas ganham três ou quatro vezes mais do que os atores, ele era uma das orgulhosas referências da indústria, que tinha dificuldades para encontrar homens em condições de "exercer" em público.

Veio, porém, o Viagra, lançado em 1998 pela Pfizer como algo milagroso para a impotência masculina, capaz de ressuscitar casamentos quase extintos. Transformou-se em seguida em favorito da indústria pornográfica, cujos conhecedores dizem que 90% dos novos atores usam o medicamento para interpretar seus papéis.

O Viagra teve uma ascensão espetacular em inúmeros homens capazes de reagir adequadamente ao em geral barulhentos e não-eróticos estúdios de filmes neste centro da pornografia mundial. Causou uma marcada divisão entre o núcleo de 20 ou 30 atores "originais", que vinham sendo as estrelas, e seus centenas de novos rivais, em geral mais atraentes.

"Sou da velha guarda. Sou um exibicionista natural que encanta as mulheres, já que minha excitação é natural", diz Stone."Os 'garotões Viagra' têm muito ego e brilham mais do que as garotas com quem ficam. Mas os atores são apenas uma decoração para o espectador. As garotas são as estrelas e por isso ganham bem mais".

O remédio é tentador para aqueles que trabalham nos milhares de filmes, pois garante uma filmagem de quatro dias sem problemas físicos, mas é menos popular entre as atrizes.

"Não gosto de trabalhar com quem toma Viagra porque a gente começa a se achar que não é suficientemente atraente", afirma a atriz de 22 anos Renée, profissional do pornô há dois anos. "A gente sempre sabe quem usa Viagra porque a cara e o peito ficam vermelhos, o que é desagradável", diz a atriz, acrescentando que o uso do remédio também obriga as mulheres a trabalharem mais tempo porque demora o prazer do homem.

Para o veterano Kyle Stone, "o problema é que se você precisa tomar uma pílula, então não é seu trabalho".

Copyright 2002 AFP

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