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Desalojados no RS chegam a 540 mil; número supera população de maioria das cidades brasileiras

A tragédia socioambiental no Rio Grande do Sul já afetou 2,2 milhões de pessoas e levou mais de 150 à morte

16 mai 2024 - 20h01
(atualizado às 20h18)
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Registro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Registro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul
Foto: Reprodução/Getty Images/ Jefferson Bernardes

A quantidade de pessoas desalojadas por conta da tragédia socioambiental no Rio Grande do Sul passou de 540 mil no fim da tarde desta quinta-feira, 16, segundo boletim atualizado pela Defesa Civil do Estado. Esse número de pessoas que tiveram que deixar suas casas por conta das fortes chuvas supera a quantidade de habitantes de 5.532 cidades brasileiras. 

No País, há 5.570 municípios. Desses, apenas 38 contam com uma população acima de 540 mil habitantes, segundo dados do Censo Demográfico 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último ano. 

A quantidade de pessoas desalojadas no Rio Grande do Sul, de 540.192, é similar à da população total de Juiz de Fora, cidade mineira que conta com 540.756 habitantes. É como se, em uma cidade inteira, as pessoas não pudessem ir às suas casas.

Se comparado a outros Estados, a quantidade de pessoas que tiveram que deixar seu lar para trás em busca de segurança no Rio Grande do Sul é superior, por exemplo, à população de cidades como Florianópolis, em Santa Catarina (537.213 habitantes); Niterói, no Rio de Janeiro (481.758); Vila Velha, no Espírito Santo (467.722); ou Mogi das Cruzes, em São Paulo (449.955). No próprio Estado, há Caxias do Sul, o segundo município mais populoso, com 463.338 habitantes.

“Essa é a maior tragédia que a gente tem no Brasil com relação às chuvas, à crise climática”, frisa o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, ao Terra. Segundo explica o especialista, o volume de chuvas, a duração – que ainda não chegou ao fim – e a quantidade de pessoas atingidas pela tragédia é algo inédito, mesmo com outros eventos extremos similares tendo marcado o Brasil nos últimos meses.

Ele aponta que, por mais que, ainda hoje, a agenda do clima esteja muito restrita a debates de ambientalistas, cientistas e, por exemplo, a espaços como fóruns da ONU, o reflexo de tudo que é discutido se dá na população e atinge, principalmente, os mais vulnerabilizados. 

“A mudança climática é uma fábrica de gerar desigualdades sociais, é uma fábrica de piorar essa situação de pobreza de uma parcela da população”, acredita.

Homem utiliza geladeira para atravessar bairro alagado em Porto Alegre:

Prevenção

“O planeta já aqueceu”, alerta o especialista. Portanto, para ele, é preciso que prefeituras e governos se adaptem à situação, elaborando planos, “caso aconteça o pior”, para que o impacto da crise climática seja reduzido.

Ele cita o exemplo de Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde há sirenes que alertam a população, por exemplo, de riscos de deslizamentos. Lá também existem planos para evacuação de áreas.

“Só que isso é raríssimo hoje em dia no Brasil. E nós temos mais de mil áreas que são detectadas pelo Cemaden [Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais] como áreas que estão sob alto risco de impacto climático no Brasil. Essas pessoas que vivem nessas áreas, elas precisam saber”.

Situação no Rio Grande do Sul

Até as 18h desta quinta-feira, 16, foram registrados 151 óbitos por conta da tragédia no RS. No total, 461 municípios foram impactados, afetando mais de 2.281.830 pessoas. 

Em abrigos, há 77.199 pessoas. Já desalojadas, são 540.192. Há 806 pessoas feridas, e 104 desaparecidas. 

Fonte: Redação Terra
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