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Tai chi pode ajudar pacientes com mal de Parkinson
Quinta, 14 de novembro de 2002, 11h21

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Embora os pacientes afetados pelo mal de Parkinson mostrem grande interesse em recorrer à medicina alternativa e complementar para tratar os sintomas da doença, são poucos os estudos a respeito da eficácia dessas terapias nesse caso, relatou Lyvonne Carreiro durante o 7o. Congresso Internacional sobre o Mal de Parkinson e Distúrbios do Movimento, em Miami, nos EUA.

Mas dois estudos preliminares -- um deles conduzido por Carreiro e colaboradores -- sugerem que o tai chi e o tratamento com ioimbina (substância extraída da casca de uma árvore africana), respectivamente, podem ajudar a reduzir a ocorrência de quedas em pacientes com o mal. Os indivíduos acometidos por esse distúrbio neurológico progressivo sofrem de tremores, rigidez da musculatura e problemas de movimento.

A pesquisadora Lyvonne Carreiro, coordenadora de estudos sobre assistência a pacientes com mal de Parkinson da Universidade da Flórida, em Jacksonville, entrevistou 75 pacientes para avaliar seus conhecimentos sobre medicina complementar e alternativa.

"Existe muito interesse pelo uso de terapias alternativas no tratamento do mal de Parkinson, mas não há informação suficiente", disse à Reuters Health. "Os pacientes devem conversar com seus médicos caso se interessem por esse tipo de abordagem."

A equipe coordenada por Carreiro descobriu que 54 por cento dos voluntários compreendiam a definição de medicina complementar e alternativa. Entre os entrevistados, 23 por cento acreditavam equivocadamente que esses tratamentos fizessem parte do currículo da maioria das faculdades de medicina, e 51 por cento pensavam que as ervas podem ser tomadas com segurança em conjunto com outros medicamentos. A maioria afirmou estar interessada em tais terapias, desde que receitadas por um médico.

A pesquisa demonstrou que 48 por cento dos voluntários haviam recorrido a esses tratamentos no ano anterior. Entre aqueles que responderam afirmativamente, 45 por cento fizeram aulas de tai chi; 36 por cento praticaram ioga e 27 por cento se submeteram à acupuntura.

A pesquisadora observou que vários voluntários haviam usado estratégias múltiplas e que 36 por cento recorreram à massagem, 24 por cento praticaram meditação, 45 por cento usaram cura espiritual ou oração e 15 por cento adotaram terapias herbais.

Após observar que 80 por cento dos voluntários acreditam que a medicina complementar e alternativa possa melhorar o mal de Parkinson, a cientista ressaltou que há necessidade de estudos científicos mais bem controlados para verificar se a crença é justificada.

A equipe de Carreiro constatou que o tai chi, sistema de exercícios de relaxamento e meditação usado originalmente pelos chineses, parece reduzir o número de quedas sofridas pelos pacientes com mal de Parkinson. Os pesquisadores acompanharam 30 voluntários com a doença, aleatoriamente designados para integrar o grupo de tai chi ou um grupo "controle".

Os pesquisadores que avaliaram os registros de quedas e estabilidade não sabiam quais pacientes eram parte do grupo controle e quais haviam feito os exercícios. Os voluntários do grupo que praticava tai chi tiveram uma hora de aula semanal durante 12 semanas consecutivas.

Os pacientes do grupo que adotou a terapia estavam menos propensos a apresentar uma piora da doença e a ter um declínio na função motora. A redução na frequência de tombos foi 18 vezes maior para os pacientes que praticavam tai chi, afirmou Carreiro.

A pesquisadora disse à Reuters Health que os doentes que queiram recorrer a essa terapia devem se certificar que o professor esteja familiarizado com seu estado de saúde e atenda as necessidades dos pacientes.

Outro estudo sobre medicina complementar e alternativa mostra que algumas terapias herbais ou botânicas confirmam sua boa reputação enquanto outras não apresentam resultados adequados.

Em uma pesquisa sobre a ioimbina, Ruth Djaldetti e colaboradores no Centro Médico Rabin, no campus de Beilinson, em Petach Tiqva, em Israel, constataram que o uso da substância estava associado a uma redução de 50 por cento no número de quedas. Eles trataram 11 pacientes que tinham mal de Parkinson ou outras síndromes parkinsonianas.

A equipe coordenada por M.G. Jabre em Biblos, no Líbano, estudou o uso de favas como o único tratamento em cinco pacientes que ainda não haviam recebido nenhuma medicação para o mal de Parkinson. A fava é quimicamente semelhante à levodopa, o principal medicamento usado no tratamento da doença.

Embora os pesquisadores não tenham encontrado melhoras estatisticamente significativas na condição dos pacientes, dois deles estavam satisfeitos e queriam continuar com o tratamento.

Reuters

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