Estudo internacional revelou que 20-25% das pessoas em coma podem estar conscientes, realizando tarefas mentais complexas, apesar de não conseguirem se mover ou falar.
Uma em cada cinco pessoas em coma pode estar ciente do ambiente ao seu redor, mas incapaz de se comunicar, revelou uma pesquisa internacional que envolveu mais de 350 pacientes com lesões cerebrais graves. Segundo o estudo, essas pessoas podem realizar tarefas mentais complexas, apesar de não conseguirem se mover ou falar.
Liderado pelo neurologista Nicholas Schiff, do Weill Cornell Medical College, em Nova York (EUA), o estudo aponta que 25% dos pacientes, que não apresentavam respostas físicas aos comandos, mostraram atividade cerebral semelhante à de indivíduos saudáveis quando solicitados a imaginar a realização de atividades, como jogar tênis ou nadar.
Entre aqueles em coma ou estado vegetativo, a taxa foi de 20%.
"Era mais fácil ignorar esse fenômeno quando pensávamos que era raro. Agora, com essas novas evidências, não podemos mais desconsiderar", comentou em entrevista ao New Scientist.
O estudo se concentrou em pessoas com distúrbios de consciência, como coma, estado vegetativo ou estado minimamente consciente. Estes últimos são caracterizados por sinais esporádicos de consciência, como abrir os olhos, mas sem exibir plena consciência do ambiente.
Entre os 353 pacientes envolvidos no estudo, 241 não demonstraram respostas externas aos comandos verbais. No entanto, exames de ressonância magnética e eletroencefalogramas (EEG) detectaram atividade cerebral significativa em 20% a 25% desses casos, sugerindo a possibilidade de que muitos desses pacientes estejam conscientes, mas "presos" em seus corpos.
Estima-se que existam entre 300.000 e 400.000 pessoas no mundo com distúrbios prolongados de consciência, o que pode significar que até 100.000 delas têm algum nível de consciência oculta, de acordo o pesquisador.