Pesquisadores da Universidade de Washington criaram um teste de laboratório capaz de rastrear uma proteína tóxica atrelada ao surgimento de Alzheimer. Ela pode ser detectada anos antes do surgimento dos primeiros sintomas da doença.
Chamadas de beta-amiloides, essas proteínas se dobram e se unem umas às outras, formando estruturas que a equipe chamou de oligômeros. As estruturas, por sua vez, apresentam um caráter tóxico e participam no desenvolvimento do mal de Alzheimer — um processo cujos detalhes ainda estão sendo investigados pela ciência.
O novo exame desenvolvido pelos cientistas, chamado de SOBA, mede os níveis de beta-amiloides no sangue. No estudo, os oligômeros, que foram amplamente detectados nas amostras de sangue de pacientes com o Alzheimer, apareceram também em amostras de 11 indivíduos do grupo de participantes do estudo — pessoas que não apresentavam diagnóstico e nem sinais da doença.
Destes 11, dez foram acompanhados pela pesquisa e, anos mais tarde, todos foram diagnosticados com algum comprometimento cognitivo leve ou patologia cerebral consistente com a doença de Alzheimer.
Em geral, os pacientes recebem o diagnóstico da doença somente depois de os primeiros sinais da doença aparecerem, como falhas na memória e episódios de confusão. A partir daí, os tratamentos disponíveis focam na desaceleração da progressão dos sintomas.
Os pesquisadores esperam contribuir para o diagnóstico precoce e para tratamentos mais assertivos, capazes de dar mais qualidade de vida aos pacientes do Alzheimer e até de outras doenças.
Segundo Valerie Daggett, professora de bioengenharia e coautora do estudo, o mesmo tipo de agrupamento de proteínas tóxicas — que envolve a presença de estruturas chamadas de “folhas alfa” — também está sendo associado ao surgimento de outras doenças.
“Não apenas Alzheimer, mas também Parkinson, diabetes tipo 2 e muito mais. O SOBA está captando essa estrutura única de folha alfa, então esperamos que esse método possa ajudar no diagnóstico e no estudo de muitas outras doenças que envolvem esse 'desdobramento de proteínas'”.