Após Twitter, Facebook e Insta removem vídeo de Bolsonaro

Ao recomendar uso do medicamento, que ainda não tem eficácia comprovada contra o novo coronavírus, Bolsonaro violou termos de uso da rede social

31 mar 2020 - 14h38
(atualizado às 15h05)

Uma alegação falsa sobre a "cura para o novo coronavírus" foi o que derrubou os vídeos do presidente Jair Bolsonaro das redes sociais Facebook e Instagram nesta segunda-feira, 30. Segundo apurou o Estado com fontes próximas à empresa, que é dona das duas plataformas, o motivo da remoção dos vídeos foi a afirmação do presidente de que a cloroquina seria a cura para a pandemia global - e não outros pontos polêmicos das imagens, como sua aproximação física a apoiadores ou a defesa da reabertura do comércio.

Segundo os termos de uso adotados pela empresa no final de janeiro por conta da pandemia, a divulgação de informações que possam causar danos físicos ao usuários devem ser removidos das redes sociais. Entram nessa formulação, por exemplo, a publicação de receitas caseiras para combater a doença, bem como o uso de remédios que ainda não têm eficácia comprovada. Ao afirmar que a substância já é uma cura, Bolsonaro teria violado a regra.

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No vídeo, o presidente diz "a hidroxicloroquina está dando certo em tudo quanto é lugar". Segundo a avaliação do Facebook, disseram as fontes, não há comprovação científica para a informação. Portanto, a frase serviria de incentivo e colocaria em risco os usuários do Facebook e do Instagram. Testada como forma de cura para o coronavírus, a cloroquina e sua variação menos danosa, a hidroxicloroquina, tem fortes efeitos colaterais.

Ainda de acordo com as fontes, o Facebook considera que não estariam em risco apenas as pessoas que utilizarem a cloroquina em busca de cura ou imunidade contra o coronavírus, mas também pacientes que realmente precisam do medicamento, como portadores de lúpus.

Sobre os outros conteúdos já postados pelo presidente em relação à cloroquina, o Facebook não deve derrubá-los imediatamente, apurou a reportagem. Cada postagem é avaliada individualmente -se um material sobre a substância fala sobre estudos, ou levanta debate, possivelmente não será derrubado. Mas todos podem ser avaliados retroativamente, dependendo das denúncias dos usuários.

Outro ponto polêmico do vídeo, a proximidade física de apoiadores, que contraria a orientação explícita de órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS), não deve resultar em remoções. A visão do Facebook, afirmaram as fontes, é de que que governantes e autoridade têm direito de expressarem se acreditam ou não no método para conter o avanço da pandemia.

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O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reage ao encontrar partidários ao deixar o Palácio da Alvorada, enquanto a propagação da doença do coronavírus (Covid-19) continua em Brasília, Brasil. 30/03/2020. REUTERS/Ueslei Marcelino.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reage ao encontrar partidários ao deixar o Palácio da Alvorada, enquanto a propagação da doença do coronavírus (Covid-19) continua em Brasília, Brasil. 30/03/2020. REUTERS/Ueslei Marcelino.
Foto: Reuters

Decisão de fora

Segundo publicou o Estado nesta segunda-feira, 30, à noite, a decisão de remover os conteúdos foi tomada pelo time de análise de conteúdo no exterior, que dialogou bastante com a equipe da rede social no país para entender o contexto das publicações.

O Facebook tem profissionais fluentes em português, incluindo brasileiros, na equipe de remoção de conteúdos. Algumas traduções, porém, são realizadas pela equipe no Brasil, pois parte dos profissionais com poder de decisão não falam português.

A remoção dos conteúdos foi feita após uma denúncia de irregularidades - algo que qualquer usuário pode fazer na rede social -, não tendo partido de uma postura pró-ativa da empresa de Mark Zuckerberg. As avaliações são realizadas independentemente do volume de denúncias que um post recebe.

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