Asteroide misterioso perto da Terra finalmente pode ter revelado origem

Amostras revelaram poeira formada durante os primeiros quatro ou cinco milhões de anos da história do Sistema Solar

26 out 2022 - 15h41
Asteroide Ryugu hoje fica a 97 mil quilômetros da Terra, o que é considerado próximo
Asteroide Ryugu hoje fica a 97 mil quilômetros da Terra, o que é considerado próximo
Foto: ISAS/JAXA / Wikimedia Commons

Cientistas descobriram a possível origem do asteroide Ryugu, que hoje está próximo à Terra. Ele se formou longe do Sol, no Sistema Solar exterior, pelo que indicam as novas análises feitas pela missão japonesa Hayabusa2.

Ryugu hoje fica a 97 mil quilômetros da Terra e foi visitado pela sonda da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) em 2019. Foi ela quem coletou e distribuiu amostras para cientistas de todo o mundo. 

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Os pesquisadores precisaram analisar duas amostras da superfície de Ryugu. A primeira análise mostrou que as amostras coletadas continham poeira formada durante os quatro ou cinco primeiros milhões de anos da história do Sistema Solar, mais antiga que o Sol. Outras investigações mostraram ainda que Ryugu teria vindo de perto da órbita de Netuno e sido expulso de lá pelos planetas gigantes. 

A equipe envolvida, que é liderada pelo cientista planetário do Instituto Max Planck de Pesquisa do Sistema Solar na Alemanha, Timo Hopp, detectou grandes quantidades de isótopos particulares, que são átomos de um elemento que possui diferentes números de nêutrons.

Rico em carbono, Ryugu é considerado um corpo celeste carbonáceo – o tipo mais comum de asteroide. O que o diferencia dos outros é sua composição, que tem a presença de elementos como o isótopo de ferro-54. Ele é menor que a maioria dos outros, com exceção de um conhecido como condritos-CI.

Os corpos celestes originados nas extremidades do Sistema Solar tendem a conservar sua composição primordial porque a região é muito mais fria e com poucas reações químicas, acreditam os cientistas. Com essa informação, é possível estimar como era a composição do Sol, que reflete a da nebulosa solar (a nuvem que formou o Sol e os planetas).

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Os corpos celestes que foram originados nas extremidades do Sistema Solar tendem a conservar sua composição primordial
Foto: WikiImages / Pixabay

As amostras de Ryugu demonstraram abundância de deutério (a forma de hidrogênio que inclui um nêutron no núcleo do átomo) e de isótopos de nitrogênio-15, exatamente o que se esperaria de um asteroide que se originou no Sistema Solar exterior frio.

Mesma região, pais diferentes 

No entanto, Ryugu apresentou diferenças em relação aos condritos-CI que se formaram nessa região. Pesquisadores descobriram que Ryugu contém maiores abundâncias de alguns gases nobres, como hélio, neon, argônio, krypton e xenônio, e uma menor abundância do isótopo nitrogênio-15.

Isso indicaria que apesar de terem sido formados na mesma região, não se formaram do mesmo objeto-pai. Para o site de notícias Space, Hopp declarou: “em nosso modelo, Ryugu pode ter se formado na região em que também foi sugerido que cometas Oort Cloud se formaram, antes de serem espalhados na Nuvem de Oort”. 

A Nuvem de Oort é um reino de trilhões de pequenos objetos gelados que se estende até pelo menos um ano-luz do Sol. Seus objetos foram ejetados por Urano e Netuno; e os que não compõem as nuvens viraram objetos interestelares. 

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De acordo com Hopp e sua equipe, a localização de Ryugu perto da Terra é uma forte evidência de apoio de que os planetas do Sistema Solar cresceram rapidamente e logo começaram a migrar. Isso explicaria como os asteroides – incluindo Ryugu – chegaram até o cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter.

Fonte: Redação Byte
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