Uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que alguns asteroides são feitos, em grande parte, de pequenos pedaços de entulho — e isso pode tornar muito difícil a missão de mudar a rota desses objetos caso estejam em direção à Terra. A descoberta não só é surpreendente, mas pode nos forçar a reconsiderar as estratégias de defesa desses astros cósmicos.
Liderada pela Universidade de Curtin University, a pesquisa foi publicada na revista Proceedings of the National Academy of Science e abre caminho para que cientistas da missão Double Asteroid Reduction Test (DART), da Nasa, lançada no ano passado, considerem novas formas de desviar a rota de um asteroide potencialmente perigoso para o planeta.
Na época, a Dart fez o desvio bem-sucedido do asteroide Didymos, ao esmagar espaçonave no corpo rochoso.
Asteroide de entulho
Em vez de um corpo rochoso inteiro e uniforme, pesquisadores analisaram partículas de asteroides coletadas pela sonda Hayabusa 1 da Agência Espacial Japonesa, que visitou o asteroide Itokawa, de 487 metros, em 2005.
Os resultados das análises mostraram que o asteroide, que fica a 2 milhões de quilômetros da Terra era difícil de destruir e resistente a colisões.
O principal autor, professor Fred Jourdan, diretor da Instalação de Isótopos de Argônio da Austrália Ocidental, parte do Centro John de Laeter e da Escola de Ciências da Terra e Planetárias em Curtin, disse em um comunicado que a equipe também descobriu que Itokawa é quase tão antigo quanto o próprio Sistema Solar.
"Ao contrário dos asteroides monolíticos, Itokawa não é um único pedaço de rocha, mas pertence à família de pilhas de entulho, o que significa que é inteiramente feito de rochas e pedregulhos soltos, com quase metade sendo espaço vazio", explicou Jourdan.
Ainda assim, após todo esse tempo, a pilha de entulho espacial permaneceu “firme”.
"Prevê-se que o tempo de sobrevivência de asteroides monolíticos do tamanho de Itokawa seja de apenas algumas centenas de milhares de anos no cinturão de asteroides", comenta Jourdan.
No entanto, segundo ele, a formação de Itokawa remonta a "pelo menos 4,2 bilhões de anos atrás", o que é " um tempo de sobrevivência surpreendentemente longo para um asteroide deste tamanho.
"Resumindo, descobrimos que Itokawa é como uma almofada espacial gigante e muito difícil de destruir”, afirmou.
Apesar de assustador, a boa notícia é que os pesquisadores devem usar essa informação a nosso favor — se um asteroide for detectado tarde demais, cientistas podem usar uma abordagem mais agressiva, como uma onda de choque de uma explosão nuclear próxima para empurrar o asteroide de entulho para fora de sua rota sem destruí-lo.