Asteroide que extinguiu dinossauros também causou tsunami global

Estudo publicado na revista American Geophysical Union Advances mostra simulação do tsunami que atingiu a Terra há 66 milhões de anos

5 out 2022 - 11h48
O impacto do asteroide Chicxulub destruiu não apenas os dinossauros, mas também 75% da vida vegetal e animal do planeta
O impacto do asteroide Chicxulub destruiu não apenas os dinossauros, mas também 75% da vida vegetal e animal do planeta
Foto: Elias / Pixabay

Foi há 66 milhões de anos que um asteroide do tamanho de uma cidade inteira colidiu com a Terra, acabando com a vida dos dinossauros. Mas um estudo liderado pela Universidade de Michigan e publicado nesta terça-feira (4) na revista American Geophysical Union Advances descobriu que o impacto também foi responsável por gerar um tsunami de até 4,5 km de altura em todo o planeta. 

Com 14 km de largura, o asteroide deixou uma cratera de impacto no fundo do oceano, a cerca de 100 quilômetros da península de Yucatán, no México. Os autores do estudo calcularam que a energia inicial de impacto era até 30 mil vezes maior do que a energia no tsunami ocasionada pelo terremoto do Oceano Índico, em dezembro de 2004, que matou mais de 230 mil pessoas.

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A ideia é que, ao atingir a terra, o asteroide tenha gerado uma série de eventos cataclísmicos. Temperaturas globais mudaram; havia nuvens de aerossol, fuligem e poeira no ar; e incêndios florestais também foram causados por materiais em chamas.

O impacto destruiu não apenas os dinossauros, mas também 75% da vida vegetal e animal do planeta. Em 48 horas, deu a volta ao mundo, e foi muito mais forte que os tsunamis que conhecemos, gerados por terremotos. 

Além disso, ele foi poderoso o suficiente para gerar ondas com mais de 1 km de altura e vasculhar o fundo do oceano a milhares de quilômetros de onde o asteroide caiu. “Este tsunami foi forte o suficiente para perturbar e erodir sedimentos em bacias oceânicas do outro lado do globo, deixando uma lacuna nos registros sedimentares ou uma confusão de sedimentos mais antigos”, explica Molly Range, principal autora da pesquisa.

Para chegar nesses resultados, os pesquisadores estudaram 120 núcleos de sedimentos oceânicos de todo o mundo. O estudo foi a primeira simulação global do tsunami causado pelo impacto de Chicxulub a ser publicada numa revista científica. 

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Progressão da tsunami

Para chegar nesses resultados, os pesquisadores estudaram 120 sedimentos oceânicos de todo o mundo
Foto: Silas Baisch / Unsplash

O coautor do estudo e professor associado da Purdue University, Brandon Johnson, usou um programa de computador chamado hidrocódigo para simular os dez primeiros minutos do Chicxulub. O tamanho do asteroide e sua velocidade, estimada em 43,2 mil quilômetros por hora, também foram considerados.

Menos de três minutos depois do impacto, de acordo com a simulação, rochas, sedimentos e outros detritos empurraram uma parede de água para longe do impacto, gerando uma onda de 4,5 km de altura. 

Dez minutos após o impacto, uma onda em forma de anel, que partiu de um ponto localizado a 220 quilômetros da colisão, com cerca de 1,6 km, começou a viajar pelo oceano em todas as direções. 

Uma hora depois, o tsunami já tinha chegado além do Golfo do México para o Oceano Atlântico Norte. Quatro horas após o impacto, as ondas passaram pelo Mar da América Central e entraram no Oceano Pacífico. 

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Em 24 horas, as ondas já chegaram ao Oceano Índico pelos dois lados, depois de percorrer os oceanos Pacífico e Atlântico. E em 48 horas, enormes ondas de tsunami atingiram a maior parte da Terra.

Principais regiões de impacto

As simulações também mostraram que o tsunami irradiava principalmente para o Oceano Atlântico Norte, no mar da América Central, e no Oceano Pacífico Sul, onde a velocidade passava de 643 km/h, o que pode explodir sedimentos dentro do oceano. 

O tsunami irradiava principalmente para o Oceano Atlântico Norte, no mar da América Central, e para o Oceano Pacífico Sul
Foto: Hans / Pixabay

Por outro lado, o Atlântico Sul, o Pacífico Norte, o Oceano Índico e a região que hoje é o Mediterrâneo registraram correntes submarinas menores. De fato, havia mais sedimentos intactos nas áreas que receberam menores correntes do tsunami, enquanto existiam lacunas de sedimentos nos locais mais afetados. 

"Encontramos corroboração no registro geológico das áreas previstas de impacto máximo no oceano aberto", disse o professor da Universidade de Michigan e oceanógrafo físico, Brian Arbic. "A evidência geológica definitivamente fortalece o papel", complementou.

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Segundo ele, pesquisas futuras poderão calcular a extensão das inundações globais após o impacto e até que ponto os efeitos do tsunami podem ser sentidos. 

Fonte: Redação Byte
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