Autoridades pedem que Facebook não use criptografia

Oficiais dos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália escreveram uma carta à empresa, manifestando preocupações sobre o plano da rede social de integrar seus serviços de mensagens com uma infraestrutura de criptografia de ponta-a-ponta

4 out 2019 - 13h02
(atualizado às 14h58)

O procurador-geral dos Estados Unidos William Barr escreveu uma carta ao Facebook nesta sexta-feira, 4, pedindo para a empresa não usar criptografia em mensagens, um recurso tecnológico que protege o conteúdo escrito. Em janeiro deste ano, a rede social anunciou que pretende integrar seus serviços de mensagens WhatsApp, Instagram e Messenger, com uma infraestrutura de criptografia de ponta-a-ponta. Barr pediu que a empresa adie esse plano até que autoridades determinem se a criptografia reduzirá a segurança pública.

A informação é do site BuzzFeed News. Oficiais do Reino Unido e da Austrália também assinaram a carta. As autoridades apontam que as mensagens criptografadas facilitam a disseminação de conteúdos relacionados à exploração sexual infantil e ao terrorismo, e dificultam o rastreamento pela polícia.

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"Melhorias de segurança no mundo virtual não deveriam nos tornar mais vulneráveis no mundo físico", diz a carta. "Empresas não devem criar deliberadamente seus sistemas para impedir qualquer forma de acesso a conteúdo, inclusive para prevenção e investigação de crimes sérios".

Na carta, as autoridades também pedem que o Facebook crie uma forma de oficiais acessarem os conteúdos ilegais que circulam pelas plataformas da rede social.

Imagem impressa em 3 D do logotipo do Facebook. 18/6/2019. REUTERS/Dado Ruvic/Illustration
Imagem impressa em 3 D do logotipo do Facebook. 18/6/2019. REUTERS/Dado Ruvic/Illustration
Foto: Dado Ruvic/Illustration / Reuters

O aplicativo de mensagem WhatsApp, que pertence ao Facebook, já funciona hoje com criptografia de ponta-a-ponta. A preocupação das autoridades é com a expansão dessa ferramenta. "Os riscos de segurança pública relacionados ao novo plano do Facebook são exacerbados porque será uma única plataforma que combinará serviços de mensagens inacessíveis com perfis abertos, oferecendo rotas únicas para possíveis criminosos identificarem nossos filhos", diz a carta.

Em resposta, o Facebook afirmou que "acredita que as pessoas tenham o direito de ter uma conversa online privada, onde quer que elas estejam no mundo". A rede social afirmou que está consultando especialistas, governos e outras empresas de tecnologia para garantir que os seus novos serviços com criptografia sejam seguros. "O Facebook se opõe fortemente às tentativas do governo de criar uma brecha no sistema porque eles prejudicariam a privacidade e a segurança das pessoas em todos os lugares", disse a companhia em comunicado.

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