O novo Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), lançado no fim de julho durante a abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), busca nortear o desenvolvimento e a aplicação ética e sustentável da inteligência artificial no Brasil.
O investimento projetado pelo PBIA é de R$ 23 bilhões, que virão do orçamento, do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), de contrapartidas do setor privado, entre outras fontes de recursos.
Segundo o governo, o plano engloba cinco os eixos:
- 1) Infraestrutura e Desenvolvimento de IA;
- 2) Difusão, Formação e Capacitação em IA;
- 3) IA para Melhoria dos Serviços Públicos;
- 4) IA para Inovação Empresarial;
- 5) Apoio ao Processo Regulatório e de Governança da IA.
O que dizem especialistas
O lançamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial foi recebido com entusiasmo por um dos principais centros de pesquisa em inteligência artificial (IA) do Brasil, o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos.
Para os professores do ICMC, embora haja desafios de implementação significativos, o PBIA poderá contribuir com o avanço tecnológico e científico no Brasil, elevando sua competitividade internacional e sua relevância em questões econômicas, sociais e ambientais.
O professor André de Carvalho, diretor do ICMC, participou de duas reuniões no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), onde foram discutidas sugestões para o plano. Ele acredita que o PBIA terá um impacto significativo em várias áreas, incluindo o fortalecimento de instituições como o ICMC.
“O plano trará benefícios significativos para o nosso Instituto, especialmente na formação de pesquisadores e no avanço de nossas pesquisas em inteligência artificial. Com o investimento em infraestrutura e a inclusão de desafios relevantes, o PBIA fortalecerá nossa posição no cenário global e impulsionará o desenvolvimento científico e tecnológico no Brasil", afirmou em comunicado.
Para o professor Alexandre Delbem, do ICMC, a nova estratégia nacional de IA trouxe diretrizes mais claras e bem definidas em comparação com planos anteriores, que muitas vezes eram confusos ou contraditórios. “Essa mudança de postura é essencial para o avanço tecnológico”, diz.
Também professor no ICMC, Fernando Osório destaca a importância de o Brasil se posicionar estrategicamente no cenário internacional, colaborando com outros países, mas também defendendo seus próprios interesses e valorizando sua expertise em dados específicos disponíveis em língua portuguesa.
“É crucial que o Brasil, ao buscar parcerias globais, não apenas contribua com seu conhecimento, mas também assegure que suas particularidades, como as características sociais, culturais e linguísticas, sejam reconhecidas e preservadas”, afirma Osório.
Desafios
A burocracia e a necessidade de um planejamento de longo prazo foram citadas pelos especialistas como obstáculos ao desenvolvimento do PBIA.
“Áreas como a infraestrutura computacional exigem investimentos contínuos para se manterem competitivas. Sem uma visão estratégica abrangente, a alocação de recursos pode comprometer a efetividade do plano. Além disso, a burocracia pode gerar um descompasso entre o planejamento e a
O PBIA também inclui a formação de pesquisadores especializados em IA como uma de suas prioridades, o que pode trazer benefícios significativos para o ICMC, que tem um dos programas de pós-graduação que mais forma profissionais na área no Brasil.
“Poderemos oferecer valores diferenciados para as bolsas de pesquisa, o que ajudará a ampliar o número de pesquisadores em IA. Além disso, grande parte das propostas do plano serão implementadas nos dois centros de pesquisa em IA aplicada do ICMC”, comentou o diretor do Instituto.