Teve início nesta segunda-feira (9) uma tentativa de volta ao mundo com um avião movido por energia solar. A aeronave, chamada de Solar Impulse 2, saiu de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e a primeira parada deve ser em Muscat, Omã.
Nos próximos cinco meses o Solar Impulse 2 vai passar pelos continentes e cruzar os oceanos Pacífico e Atlântico. Andre Borschberg comandava a aeronave em voo solo na saída em Abu Dhabi.
Ele vai dividir a tarefa de pilotar o Solar Impulse 2 na travessia com outro piloto suíço, Bertrand Piccar. A Solar Impulse 2 é um monoposto, podendo acomodar apenas uma pessoa em sua cabine.
O plano de viagem é parar em vários pontos no mundo todo, dando oportunidade de descanso aos pilotos e possibilitando fazer a manutenção da aeronave, a também aumentar a divulgação da campanha sobre as tecnologias limpas como a que o avião usa.
"Estou confiante de que temos um avião muito especial, e tem que ser assim para cruzarmos os grandes oceanos. Pode ser que tenhamos que voar por cinco dias seguidos para fazer isto, será um desafio. Temos os próximos dois meses, enquanto cruzamos partes da China, para treinar e nos preparar", disse Borschberg à BBC.
Dificuldades
O projeto Solar Impulse já estabeleceu alguns recordes mundiais para voos de longa distância impusionados por energia solar, incluindo um voo que cruzou os Estados Unidos em 2013. Mas, a viagem de volta ao mundo é um feito mais extremo e que chama mais atenção.
E, para isso, foi necessária a construção de uma aeronave ainda maior do que o protótipo, o Solar Impulse 1. O novo modelo tem 72 metros de envergadura, mais largo que um jumbo 747. Mesmo com todo este tamanho, ele pesa apenas 2,3 toneladas.
Esta leveza vai ser muito importante para o sucesso da missão. Além da leveza, também são importantes as 17 mil células solares instaladas nas asas e as baterias de íons de lítio que serão usadas para os voos noturnos.
Pilotar o avião na escuridão será mais difícil, principalmente quando os pilotos estiverem cruzando os oceanos Pacífico e Atlântico. A baixa velocidade do avião significa que estas fases da viagem levarão vários dias e noites, sem paradas.
Piccard e Borschberg terão que permanecer alertas quase o tempo todo em que estiverem pilotando. Eles poderão apenas cochilar por períodos de apenas 20 minutos durante a viagem, aproximadamente o mesmo que um iatista que esteja fazendo uma viagem de volta ao mundo sozinho.
Os pilotos também terão que aguentar a falta de conforto da cabine, que mede apenas 3,8 metros cúbicos em volume. Eles passaram por simuladores de voos para se preparar, mas cada um também tem suas estratégias.
Borschberg pretende fazer ioga e Piccard usará técnicas de auto-hipnose.
"Mas, minha paixão também vai fazer com que eu continue", disse Piccard. "Tive este sonho há 16 anos, de voar pelo mundo sem combustível, apenas com energia solar. Agora estamos prestes a fazer isto. A paixão está aqui e eu estou ansioso para estar na cabine."
Mas, os dois pilotos não estarão sozinhos. Há uma equipe de apoio bem treinada.
A missão será coordenada a partir de uma sala de controle instalada em Mônaco e um grupo de engenheiros vai seguir o avião movido por energia solar durante toda a viagem. Esta equipe tem também um hangar móvel para abrigar o avião enquanto ele não estiver voando.