Buracos negros têm propriedades quânticas, segundo estudo publicado pela revista Physical Review Letters, da Universidade de Queensland, em parceria com a Universidade de Waterloo e outras organizações. Ou seja, podem ser ao mesmo tempo pequenos e grandes, pesados e leves ou, como o gato de Schrödinger, mortos e vivos.
Com base na modelagem computacional, a equipe de pesquisadores desenvolveu uma estrutura quântica que colocou uma partícula simulada fora de um buraco negro gigante simulado.
O resultado foi que o buraco negro apresentava sinais de superposição quântica, isto é, a capacidade de existir em vários estados ao mesmo tempo. No experimento, especificamente, ele demonstrou ser massivo e não massivo simultaneamente.
Em comunicado, o principal responsável pelo estudo e doutorando em física teórica na Universidade de Queensland, Joshua Foo, afirmou: "Queríamos ver se [os buracos negros] poderiam ter massas descontroladamente diferentes ao mesmo tempo, e acontece que eles têm".
Ele também acrescentou que até agora, eles ainda não investigaram profundamente se os buracos negros exibem alguns dos comportamentos “estranhos e maravilhosos” da física quântica.
O físico teórico americano e israelense Jacob Bekenstein foi o primeiro a dizer que buracos negros poderiam ter propriedades quânticas. Uma vez que ele é definido pela sua massa, a superposição quântica deve significar que ele pode ter múltiplas massas que se enquadram em certas proporções.
E os pesquisadores do estudo declararam que o trabalho confirma as proposições de Bekenstein. “Nossa modelagem mostrou que essas massas sobrepostas eram, de fato, em certas bandas ou proporções determinadas - como previsto por Bekenstein", disse Magdalena Zych, coautora do estudo da Universidade de Queensland e co-supervisora da pesquisa.
O fato de os pesquisadores não terem definido esse padrão como hipótese reforça a surpresa com a evidência encontrada, de acordo com Zych.
O gato de Schrödinger e as partículas subatômicas
O maior exemplo conhecido da superposição quântica é o gato de Schrödinger, um exercício mental do século 20 projetado pelo físico Erwin Schrödinger para demonstrar algumas propriedades da física quântica.
Segundo a superposição quântica, partículas subatômicas existem em todos os estados possíveis ao mesmo tempo, até interagirem com o mundo externo. A interação, que pode ser o simples ato de medir ou observar, faz com que essas partículas adotem um dos estados físicos.
Schrödinger ganhou o Nobel de 1933. Ele sugeriu que um gato numa caixa lacrada poderia estar morto e vivo ao mesmo tempo, com base no estado de uma partícula subatômica, até que um observador abrisse a caixa e quebrasse a sobreposição.