A maioria dos adolescentes preferiria perder o dedo mindinho em vez de perder o celular. Eles colocam a tecnologia como item essencial, na mesma categoria que ar e água. Isso é o que descobriu uma pesquisa recente da Pew Research, publicada no Huffington Post. Apesar de absurdos, os dados mostram que o aumento do uso da tecnologia, principalmente dos smartphones, pode se tornar um vício. Quem é viciado pode até ter sintomas como depressão e tontura quando está longe do dispositivo, e a doença foi batizada de “nomofobia”, nome originado do inglês “no mobile” ou “sem celular”, em tradução livre.
“Oito anos atrás, uma pesquisa de uma universidade australiana disse que 20% dos usuários de celular seriam dependentes, não conseguiriam ficar sem o telefone, iriam olhar o celular a cada intervalo de tempo, e sentir o telefone vibrar sem isso acontecer realmente. Quando eles fizeram essa pesquisa, o celular não tinha internet ainda”, conta o coordenador do grupo de dependências tecnológicas do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo, Cristiano Nabuco.
Segundo ele, a nomofobia tem mais chances de aumentar atualmente, já que o celular possui inúmeras funções. “Embora não seja ainda um diagnóstico aceito pela medicina, a gente já pode entender que isso vem criando um problema sério, as pessoas não conseguem mais se desconectar. A introdução dessa tecnologia está sendo devastadora, as pessoas não estão preparadas para lidar com ela”, afirma Nabuco.
Sintomas
Olhar o celular de cinco em cinco minutos, se sentir perdido ou sofrer de instabilidade emocional ao ficar sem o smartphone são alguns dos sintomas que uma pessoa viciada pode ter. No entanto, muitos são apegados ao aparelho, mas ainda têm controle sobre seu uso. Como diferenciar um heavy user de uma pessoa que sofre de nomofobia?
“A pessoa que é uma mera usuária até tem o apelo para usar o celular, mas ele não controla e nem domina o horizonte da dela. As pessoas dependentes de fato não têm esse controle, cada vez precisam de mais tempo conectadas”, explica o coordenador. A dependência psicológica pode ter diferentes graus de intensidade. Em alguns casos, pessoas, e inclusive crianças, deixam de sair com os amigos, comer e tomar banho para não se desligarem da web.
Dicas e tratamento
Uma pesquisa da FrontRange revelou que 53% dos donos de celulares dizem que fazer uma “desintoxicação de tecnologia” é tão estressante quanto o dia do casamento delas ou uma consulta com o dentista. Apesar de ser difícil, existe tratamento para se desconectar. Cada caso é diferente, mas Cristiano Nabuco recomenda que a pessoa vá diminuindo o uso do gadget aos poucos.
Desabilitar o sinal da operadora ou deixar o smartphone no modo silencioso pode evitar que ela receba e cheque mensagens e redes sociais o tempo todo. Vale a ajuda de amigos e família, principalmente quando se trata de crianças de adolescentes. Esse grupo é, na verdade, o mais afetado pelo vício, segundo o especialista.
Em alguns casos mais complicados, a terapia com profissionais, como psicólogos e psiquiatras, é o tratamento mais recomendado. Confira abaixo algumas perguntas que podem ser úteis para descobrir se você é viciado em smartphone:
1. Você usa seu smartphone para aliviar o estresse?
2. Somente a ideia de usar seu smartphone te deixa animado?
3. Você enxerga seu smartphone como um amigo que oferece diversão, alivia o estresse e oferece segurança?
4. Você está tendo dificuldades em se concentrar no trabalho ou na aula por conta do smartphone?
5. Quantas vezes por dia você checa seu celular?
6. Quando você não pode usar seu celular, como no cinema ou na igreja, você tem uma sensação de perda?
7. O que você preferiria fazer: usar seu smartphone para encontrar uma resposta ou pedir ajuda a uma pessoa?
8. Assim que você coloca o celular na mesa, você sente vontade de pegá-lo de volta logo em seguida?
9. Já checou seu smartphone achando que ele vibrou, mas era alarme falso?
10. Você envia mensagens quando está dirigindo, tomando banho ou durante o sexo?