A cibersegurança se tornou um dos maiores desafios tecnológicos do momento, com incidentes como o vazamento de dados do PIX e ataques hackers a instituições como o Supremo Tribunal Federal (STF) e a Polícia Federal, crimes que mostram a crescente vulnerabilidade digital.
Claudinei Elias, especialista em cibersegurança e CEO da Ambipar ESG, aponta que em 2025 a situação tende a ser ainda mais complexa, com ataques mais sofisticados e rápidos, impulsionados pela inteligência artificial (IA).
Segundo Elias, um dos principais focos dos cibercriminosos será o uso de IA para aprimorar seus ataques.
"A inteligência artificial será utilizada não apenas para tornar os ataques mais rápidos, mas também mais difíceis de detectar", destaca o especialista.
Um relatório da ENISA, Agência da União Europeia para a Cibersegurança, reforça que os ataques à cadeia de suprimentos — que afetam fornecedores estratégicos e se espalham por toda a rede de parceiros — são uma ameaça crescente. Além disso, a expansão da Internet das Coisas (IoT) em ambientes industriais e de infraestrutura crítica, como energia e transporte, trará novos pontos vulneráveis, que podem ser explorados por criminosos.
A ameaça do ransomware também deve se tornar mais complexa. "Criminosos estão investindo em ferramentas mais avançadas, criptografia mais forte e táticas de extorsão múltipla, tornando os ataques mais lucrativos e devastadores", afirma Elias, citando um relatório da McAfee.
Para se proteger, ele recomenda que as empresas adotem soluções de segurança mais robustas, incluindo autenticação multifator, monitoramento constante dos sistemas, segmentação de redes e ferramentas avançadas de detecção e resposta.
Regulamentação global de dados e seu impacto na cibersegurança
A crescente regulamentação global em torno da proteção de dados pessoais, inspirada pelo Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia, traz desafios, mas também pode fortalecer a segurança cibernética. Elias acredita que essas leis elevam o nível de exigência para as empresas.
"As empresas precisarão redobrar os cuidados com a coleta, armazenamento e descarte de informações, além de adotar medidas de segurança mais robustas, como criptografia e anonimização de dados", explica.
A regulamentação, segundo um relatório da Gartner, também pode fortalecer a cibersegurança ao aumentar a responsabilidade legal das empresas, incentivando investimentos mais sólidos em defesa digital e contribuindo para um ambiente online mais seguro.
Inteligência artificial como aliada na defesa cibernética
Embora os atacantes também usem IA, a tecnologia tem se mostrado uma aliada fundamental na defesa contra ciberameaças.
"A IA é uma ferramenta valiosa para segurança. Com algoritmos de aprendizado de máquina e análise avançada de dados, é possível identificar padrões suspeitos e responder a incidentes muito mais rapidamente", afirma Elias. Relatórios da IBM Security indicam que organizações que incorporam IA em sua estratégia de defesa conseguem detectar e conter violações até 40% mais rápido.
No entanto, ele alerta para o equilíbrio necessário no uso de IA. "A IA precisa ser combinada com o treinamento contínuo das equipes, revisão de processos internos e atualização constante das políticas de segurança", afirma.
Em um cenário digital em constante evolução, Elias ressalta que a proteção contra ciberameaças depende de uma combinação de tecnologia, conhecimento e preparação. O investimento em camadas de proteção e em um ambiente organizacional consciente sobre os riscos é fundamental para enfrentar os desafios da cibersegurança.